sábado, 30 de julho de 2011

O Estado (mínimo) a que chegamos

O PONTO A QUE CHEGAMOS:
O MUNDO NAS MÃOS DO TEA PARTY
Os republicanos querem manter Obama sob rédea curta e aprovar uma elevação do endividamento público dos EUA suficiente para mais seis meses à base de pão e água. Depois, negociam mais meia cuia de água. Assim por diante, até Obama chegar às eleições de 2012 como um cachorro velho, mudo e sem dente. Um cão arrastado pelo rabo. Mas a extrema direita do partido, meia centena de membros do Tea Party, acha pouco e entornou o caldo da votação do pacote conservador na Câmara, deixando as finanças do mundo de cabelos em pé. O Tea Party quer recolher Obama/'a gastança' na carrocinha. já.

Um clamor uníssono de vozes cortou a narrativa dominante do Financial Times ao Globo, qualificando os indômitos seguidores de Sarah Palin de demenciais. É preciso cautela. O Tea Party pode ser tudo, mas não é um hospício encastoado na alavanca republicana que embalou Bush, concluiu a desregulação das finanças até o colapso de 2008, dizimou o Iraque, retalhou o Afeganistão e agora incendeia a Líbia, entre outras miudezas do ramo. O neonazista norueguês que encravou balas dum-dum nas vísceras de um pedaço da juventude progressista do seu país tampouco é um demente, como querem rapidamente resolver o caso certos veículos e personagens do conservadorismo urbi et orbi.

Tea Party e Andres Behring Breivik são um produto refinado da história. De anos --décadas-- de ódios e pregação conservadora contra o Estado, contra a justiça fiscal; contra o pluralismo religioso; contra os valores que orientam a convivência compartilhada. Sobretudo, o princípio da igualdade e da solidariedade que norteia a destinação dos fundos públicos à universalização do amparo aos doentes, à velhice, aos desempregados, aos famintos, aos loosers brancos ou negros, nacionais ou imigrantes. Breivik e o Tea Party assimilaram o cânone. Se agora escapam ao criador, louve-se a competência da madrassa neoliberal. Na crise, ambos apenas confirmam a esférica densidade da formação que receberam e investem contra a sociedade. Com fé no mercado e o dedo no gatilho.


"CAPETÃO" AMÉRICA


Como dizia o Silvio Santos (aquele cujo cunhado quebrou seu banco, "sem ele saber"): "Eu não ví o filme, mas minha filha viu, e disse que é muito bom!"

Pois bem, eu não ví o Capitao América. Talvez até vá assistir, porque não convém ripar alguém ou alguma coisa sem conhecer, mas francamente. Capitão América, em 2011?

Sobre que bases o personagem vai atuar? Vai dizer que a América defende a liberdade, como quiseram fazer durante a Guerra Fria, época em que o personagem foi criado?

O que ele fará? Vai esconder as torturas de Abu Graib? Os assassinatos de inocentes no Iraque, Afeganistão e Líbia? Vai esconder que o Tio Sam financiou e treinou milicias cruéis para assassinar civís e depor presidentes em toda a América Latina?

Vai negar que seu país entrou no Oriente Médio tão somente para roubar o petróleo e recursos naturais daqueles países atormentados?

Vai esqucer que Bush privatizou a ajuda do governo aos atingidos pelo furacão Katrina, e que dessa ajuda terceirizada, não chegou nem 15% aos verdadeiros necessitados, ficando o grosso da grana com os amigos e os amigos dos amigos?

Vai esquecer que as quadrilhas que tomaram o poder depois da Segunda Guerra quebraram o país de um jeito que nem falsificando balanços da dívida o país se livrou da quebradeira e hoje, no século 21, está a dois anos de dar o maior calote governamental de todos os tempos em todo o planeta Terra?

Ou será que o "capetão", o capeta mór, vai fazer um mea culpa e reconhecer que seu país vive há mais de cem anos da mera publicidade e da enganação, que não defende liberdade alguma e pouco se lixa para o povo, inclusive de seu próprio país?

Vamos assistir para saber qual é!
post do anais politicos

PETROBRAS IMPLEMENTA O MAIOR PLANO DE INVESTIMENTOS DO MUNDO'


PETROBRAS INVESTE US$ 224 BILHÕES E IMPLEMENTA O MAIOR PLANO DE NEGÓCIOS DO MUNDO'

“Com o governo Dilma Rousseff, a Petrobras dá continuidade ao cronograma de investimentos iniciados em 2003 com o governo do PT e aliados e vai investir US$ 224 bilhões entre este ano e 2015, constituindo o "maior plano de negócios do mundo".

A informação foi dada pelo presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, em entrevista publicada na edição do jornal “Valor Econômico” de ontem, sexta-feira. "Esse plano é mais do que o governo americano teve de orçamento em dez anos para levar o homem à lua, mais do que os aliados investiram durante a Segunda Guerra Mundial", afirmou o executivo.

O “Plano de Negócios 2011-2015” prevê a aplicação de 95% dos investimentos (US$ 213,5 bilhões) nas atividades desenvolvidas no Brasil e 5% (US$ 11,2 bilhões) nas atividades do exterior, contemplando total de 688 projetos. Em relação ao total dos investimentos, 57% se refere a projetos já autorizados para execução e implementação.

Para efeito de comparação, o governo do PSDB e DEM (ex-PFL), no segundo mandato de FHC (1999-2002), assegurou à Petrobras investimentos de apenas US$ 31,2 bilhões. O governo FHC também privatizou parte da empresa, oferecendo [para estrangeiros] cerca de um terço das ações da estatal em bolsas de valores no exterior.

Com 688 projetos acima de US$ 25 milhões com maturidades diferentes, o plano mantém o horizonte mais longo até 2020. Muitos dos projetos serão cimentados apenas no fim da década, incluindo o início da produção em grande escala no pré-sal, quando a companhia planeja pular dos atuais 2,1 milhões de barris de petróleo/dia para quase 5 milhões de barris/dia em 2020, dos quais 2 milhões de barris no pré-sal. Esse processo vai exigir extraordinário esforço de construção de sondas, plataformas de produção de diversos tipos e barcos de apoio. É, também para 2020, que Gabrielli aponta ao defender as novas refinarias.

"Sem as [novas] refinarias, a importação [do país] seria de 40% do mercado. E a Petrobras não é suicida. Não vamos perder 40% do nosso mercado", enfatizou.

Gabrielli mostra números que justificam o plano que, segundo ele, não teve nenhum atraso, apesar de ter sido apresentado três vezes ao conselho de administração. "É pura intriga. Não tem ‘o vai e vem’. Estamos falando no maior plano de negócios do mundo. Ninguém vai aprovar sem olhar com cuidado o que está fazendo. O processo de aprofundamento naturalmente tem aproximação entre diretoria e conselho de administração, que estão sempre interagindo. Estamos com um plano grande, depois de crescer muito."

O executivo falou, também, sobre os efeitos, na Petrobras, da política industrial que o governo promete divulgar em breve, lembrando o tamanho da frota de embarcações que a estatal vai ter em 2020. Cita, por exemplo, as encomendas de 65 sondas de perfuração em águas profundas, acima de 2 mil metros de lâmina d´água, quando, atualmente, a frota mundial é de 70 sondas do tipo. E diz que quem tem uma escala desse tamanho pode, e deve, abrir e expandir a indústria nacional. No total, a empresa vai adicionar 658 embarcações, de porte e complexidade diversos, à frota até 2015 e, em 2020, esse número terá aumentado para 810 embarcações.

O executivo ressalta, ainda, o "potencial gigantesco" de produção no pré-sal e as vantagens trazidas pelo salto na produção para a companhia desenvolver um parque de fornecedores nacionais. "

FONTE: site “Liderança do PT/Câmara”.

Santayana: assim nasceu a manipulação das massas

Bernays e o Tea Party americano (no Brasil também tem)

O Conversa Afiada publica artigo de Mauro Santayana, extraído do JB online:


Os assaltantes da consciência


Mauro Santayana

Muitos cometemos o engano de atribuir a Goebbels a idéia da manipulação das massas pela propaganda política. Antes que o ministro de Hitler cunhasse expressões fortes, como Deutschland, erwacht!, Edward Bernays começava a construir a sua excitante teoria sobre o tema.


Bernays, nascido em Viena, trazia a forte influência de Freud: era seu duplo sobrinho. Sua mãe foi irmã do pai da psicanálise, e seu pai, irmão da mulher do grande cientista. Na realidade, Bernays teve poucas relações pessoais com o tio. Com um ano de idade transferiu-se de Viena para Nova Iorque, acompanhando seus pais judeus. Depois de ter feito um curso de agronomia, dedicou-se muito cedo a uma profissão que inventou, a de Relações Públicas, expressão que considerava mais apropriada do que “propaganda”. Combinando os estudos do tio sobre a mente e os estudos de Gustave Le Bon e outros, sobre a psicologia das massas, Bernays desenvolveu sua teoria sobre a necessidade de manipular as massas, na sociedade industrial que florescia nos Estados Unidos e no mundo. O texto que se segue é ilustrativo de sua conclusão:


“ A consciente e inteligente manipulação dos hábitos e das opiniões das massas é um importante elemento na sociedade democrática. Os que manipulam esse mecanismo oculto da sociedade constituem um governo invisível, o verdadeiro poder dirigente de nosso país. Nós somos governados, nossas mentes são moldadas, nossos gostos formados, nossas idéias sugeridas amplamente por homens dos quais nunca ouvimos falar. Este é o resultado lógico de como a nossa “sociedade democrática” é organizada. Vasto número de seres humanos deve cooperar, desta maneira acomodada, se eles têm que conviver em sociedade. Em quase todos os atos de nossa vida diária, seja na esfera política ou nos negócios, em nossa conduta social ou em nosso pensamento ético, somos dominados por um relativamente pequeno número de pessoas. Elas entendem os processos mentais e os modelos das massas. E são essas pessoas que puxam os cordões com os quais controlam a mente pública”.


Bernays entendeu que essa manipulação só é possível mediante os meios de comunicação. Ao abrir a primeira agência de comunicação em Nova Iorque, em 1913 – aos 22 anos – ele tratou de convencer os homens de negócios que o controle do mercado e o prestígio das empresas estavam “nas notícias”, e não nos anúncios. Foi assim que inventou o famoso press release. Coube-lhe também criar “eventos”, que se tornariam notícias. Patrocinou uma parada em Nova Iorque na qual, pela primeira vez, mulheres eram vistas fumando. Contratou dezenas de jovens bonitas, que desfilaram com suas longas piteiras – e abriu o mercado do cigarro para o consumo feminino. Dele também foi a idéia de que, no cinema, o cigarro tivesse, como teve, presença permanente – e criou a “merchandising”. É provável que ele mesmo nunca tenha fumado – morreu aos 103 anos, em 1995.


A prevalência dos interesses comerciais nos jornais e, em seguida, nos meios eletrônicos, tornou-se comum, depois de Bernays, que se dedicou também à propaganda política. Foi consultor de Woodrow Wilson, na Primeira Guerra Mundial, e de Roosevelt, durante o “New Deal”. É difícil que Goebbels não tivesse conhecido seus trabalhos.


A técnica de manipulação das massas é simples, sobretudo quando se conhecem os mecanismos da mente, os famosos instintos de manada, aos quais também ele e outros teóricos se referem. O “instinto de manada” foi manipulado magistralmente pelos nazistas e, também ali, a serviço do capitalismo. Krupp e Schacht tiveram tanta importância quanto Hitler. Mas, se sem Hitler poderia ter havido o nazismo, o sistema seria impensável sem Goebbels. E Goebbels, ao que tudo indica, valeu-se de Bernays, Le Bon e outros da mesma época e de idéias similares.


A propósito do “instinto de manada” vale a pena lembrar a definição do fascismo por Ortega y Gasset: um rebanho de ovelhas acovardadas, juntas umas às outras pêlo com pêlo, vigiadas por cães e submissas ao cajado do pastor. Essa manipulação das massas é o mais forte instrumento de dominação dos povos pelas oligarquias financeiras. Ela anestesia as pessoas – mediante a alienação – ao invadir a mente de cada uma delas, com os produtos tóxicos do entretenimento dirigido e das comunicações deformadas. É o que ocorre, com a demonização dos imigrantes “extracomunitários” nos países europeus, mas, sobretudo, dos procedentes dos países islâmicos. Acossados pela crise econômica, nada melhor do que encontrar um “bode expiatório”- como foram os judeus para Hitler, depois da derrota na Primeira Guerra - e, desesperadamente, organizar nova cruzada para a definitiva conquista da energia que se encontra sob as areias do Oriente Médio. Se essa conquista se fizer, há outras no horizonte, como a dos metais dos Andes e dos imensos recursos amazônicos. Não nos esqueçamos da “missão divina” de que se atribuía Bush para a invasão do Iraque – aprovada com entusiasmo pelo Congresso.


É preciso envenenar a mente dos homens, como envenenada foi a inteligência do assassino de Oslo – e desmoralizar, tanto quanto possível, as instituições do Estado Democrático – sempre a serviço dos donos do dinheiro. Quem conhece os jornais e as emissoras de televisão de Murdoch sabem que não há melhor exemplo de prática das idéias de Bernays e Goebbels do que a sua imensa empresa.


São esses mesmos instrumentos manipuladores que construíram o Partido Republicano americano e hoje incitam seus membros a impedir a taxação dos ricos para resolver o problema do endividamento do país, trazido pelas guerras, e a exigir os cortes nos gastos sociais, como os da saúde e da educação. Essa mesma manipulação produziu Quisling, o traidor norueguês a serviço de Hitler durante a guerra, e agora partejou o matador de Oslo.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O JORNALISMO INDUSTRIAL-MILITAR DE MURDOCH


Por Robert Koehler, jornalista e escritor, de Chicago-EUA

Blair telefonou para Murdoch repetidas vezes antes de comprometer as tropas britânicas na guerra do Iraque, em 2003, a qual foi fortemente apoiada pelos jornais de Murdoch em todo o mundo. Isso aumenta esse escândalo milhões de vezes. Temos um chefe de estado democraticamente eleito articulando com seu benfeitor secreto para trazer a guerra ao planeta.

Esse é o jornalismo industrial-militar, é o conluio na guerra para fazer dinheiro. Esse escândalo não é sobre Murdoch, mas sobre todos os que praticam o jornalismo. É hora de nos perguntarmos: de quem, afinal, somos aliados?

O artigo é de Robert C. Koehler, no “Common Dreams”

De repente ficou claro para todo mundo. Grampear o celular de uma adolescente desaparecida? Deletar chamadas, interferir na busca desesperada por seu paradeiro?

Fazer grampo de telefones das vítimas de terrorismo, de soldados mortos? Que tipo de cultura de sala de redação poderia valorizar fofocas sobre a intimidade das pessoas, obtidas de modo tão indefensável e lamentável? Que tipo de organização chamaria a isso de “notícias”? Mesmo aqueles dentre nós que há muito se enojam com a marca Murdoch tiveram seu momento de choque diante dessa notícia, deixando o cinismo de lado e cedendo. Parece que alguma coisa se mostrou aberta e exposta, à medida que os detalhes vinham à tona: não apenas a falta de ética, mas uma destituição ética absoluta em seu desprezo por nossas vidas. E esse desrespeito é o fundamento de um império midiático. Murdoch não é somente um traficante sórdido. É uma das pessoas mais ricas e poderosas no planeta –e tem uma agenda política que lhe importa mais, eu imagino, do que um bilhão qualquer em dinheiro, aqui ou ali.

A silenciosa virulência de sua influência nos acontecimentos públicos, mais do que manchetes sensacionalistas e escândalos e o comércio da calúnia que inflige sobre nós, é minha verdadeira preocupação.

Tão grande como Murdoch é nos EUA, com sua rede de propaganda de direita ‘Fox News’, ele é na Grã Bretanha, onde é mais poderoso que a família real. “Ele é frequentemente referido como o membro permanente do país no Gabinete [do Primeiro Ministro]”, escreveu Beth Fouhy, recentemente, para a ‘Associated Press’. Desde a época de Margareth Tatcher, ele tem sido o poderoso chefão dos primeiro ministros britânicos, capaz de lhes oferecer coisas que esses não puderam recusar. Quando o escândalo dos grampos foi jogado no ventilador, David Cameron, o atual primeiro ministro, vem lutando para desligar sua imagem da de Murdoch.

Mas não há escapatória para o fato de que o ex-porta voz de Cameron, Andy Coulson, foi editor de jornalismo do jornal ‘News of the World’ antes de se juntar à equipe do primeiro ministro e uma das 10 pessoas presas no caso. Eu não sei se o império de Murdoch, a ‘News Corp’, emergirá do escândalo intacta e virulenta como nunca ou se terá de ser renomeada para ‘News Corpse’ [cadáver] (pode-se apenas torcer para que isso ocorra). Mas a explosão de suas operações é momento chocante o suficiente para nos ensinar, uma chance para se repensar o papel dos jornalistas e o sentido das notícias.

Como ponto de partida, eu situo lado a lado os dois extremos da exagerada influência de Murdoch em nossas vidas, nossos políticos e nossas ideias a respeito de nós mesmos. O que deu origem ao escândalo foi a revelação, pelo repórter do ‘The Guardian’, Nick Davies, de que funcionários do ‘News of the World’ tinham grampeado o telefone de Milly Dowler, uma menina de 13 anos que foi sequestrada próximo de Londres, na volta para casa da escola, em 2002. Meses depois, seu corpo foi descoberto; ela teria sido assassinada. Antes dessa descoberta, quando só havia o temor insuportável e a esperança louca dos familiares e amigos de Milly, os subordinados de Murdoch minaram a tragédia, valorizando seu aspecto sexual, futricando as pitadas de “interesse humano” para ostentar em seu jornal.

Esse é o jornalismo completamente devotado à compaixão humana –jornalismo, eu diria, do lado errado da raça humana. A coisa tem interesse zero em contribuir para uma sociedade informada ou para criar coesão social. É ‘junk food’ tóxica, um tipo bizarro de “reality show” de abastecimento dos espectadores entediados e isolados, com nenhum outro propósito que mantê-los consumindo o produto. Isso tornou Murdoch rico além da conta. Eis aqui o outro extremo: da história de Fouhy, da AP [Associated Press], descrevendo a influência de Murdoch na política britânica: “Murdoch teria mudado sua relação de apoio a Tony Blair, o Primeiro Ministro de 1997 a 2007. Blair telefonou para Murdoch repetidas vezes antes de comprometer as tropas britânicas na guerra do Iraque, em 2003, a qual foi fortemente apoiada pelos jornais de Murdoch em todo o mundo”. Para mim, isso aumenta esse escândalo milhões de vezes. Aqui está um chefe de estado democraticamente eleito articulando com seu benfeitor secreto para trazer a guerra ao planeta.

Esse é o jornalismo industrial-militar, é o conluio na guerra para fazer dinheiro, manipulando políticos de acordo com o seu interesse no fortalecimento de seu sucesso financeiro, ao espalhar a sordidez. O vazio ético de Murdoch não é limitado por seu império midiático ‘trash’. Ele é um ‘player’ na paz e na guerra. Esse é um jornalismo fora de controle –o oposto exato da ideia de minha profissão. Em vez de manter relação adversária frente ao poder e representar os interesses daqueles de fora da sua esfera, mantém relação adversária com a humanidade. No Mundo de Murdoch, somos todos abstrações, quer tenhamos um nome (Milly Dowler) ou meramente uma marca de identificação massiva (os iraquianos). O jornalismo pode se dirigir ao poder, tornar-se seu cachorrinho e até, como as revelações da ‘News Corpse’ tem demonstrado, tornar-se o próprio poder, um ditador por trás das cenas ou dos acontecimentos, manipulando o mundo segundo os seus próprios interesses.

Mas os verdadeiros jornalistas espalham o poder ao dizerem a verdade, como Davies e o ‘The Guardian’ tomaram a frente nas revelações sobre o ‘News of the World’. Esse escândalo, finalmente, não é sobre Murdoch, mas sobre todos os que praticam o ofício do jornalismo. Chegou o momento de nos perguntarmos: "de quem, afinal, somos aliados?

FONTE: escrito por Robert Koehler, jornalista e escritor, de Chicago, Estados Unidos

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Boa parte da crise do etanol está no porto

Lembra daquela história da chuva, da seca, da florada da cana e tudo o mais que você ouviu como justificativa para o preço do etanol estar lá em cima, em plena safra?

Não são mentiras, é claro. Mas são apenas parte da explicação para o fato de, em plena safra, subirem os preços do etanol e pressionarem a inflação.

O açúcar fechou ontem a 39,94 centavos de dólar por libra-peso, em Nova York. Ano passado,nesta época, valia 16,52 centavos de dólar por libra-peso.

Ano passado, o preço do açúcar já estava alto e todos os jornais noticiaram o “engarrafamento” de navios no porto de santos, a espera de produto para embarcar. A China, aliás, expande como nunca suas compras aqui.

Este ano, a coisa ia pelo mesmo caminho. Em junho, enquanto a produção de etanol capengava aqui, a de açúcar ia muito bem, obrigado.

Em junho, as exportações de açúcar pelos portos de Santos e de Paranaguá cresceram 26%, para 2,67 milhões de toneladas em comparação com igual mês de 2010. Este mês, vão se manter no mesmo patamar de 2010, porque o mercado mundial ressentiu-se de tamanha alta, que só neste julho acumulava uma variação de 12,57%.

As usinas dizem que a safra está sendo ruim, por isso produzem menos etanol. Será que o açúcar destinado à exportação é feito de que, de beterraba?

É lógico que, para as usinas, como para qualquer atividade privada, vale a regra do “farinha pouca, meu pirão primeiro”.

O lucro dos exportadores de açúcar cresce, enquanto é a Petrobras, por seu compromisso com o país, que tem de segurar a elevação do preço da gasolina – em razão do aumento do petróleo – e vender quantidades muito maiores, porque a frota flex abandonou o etanol, por conta dos altos preços.

Se o Estado brasileiro foi bem vindo, ao intervir para criar a demanda por etanol, viabilizando a expansão dos investimentos do setor privado em sua produção, porque não é bom, agora, para dizer que ele tem, também, um compromisso com o abastecimento?

post do tijolaço


GOVERNO REAGE AOS DRIBLES DO MERCADO


GOVERNO REAGE AOS DRIBLES DO MERCADO E PODERÁ TAXAR EM 25% AS OPERAÇÕES ESPECULATIVAS COM DÓLAR

“Volumes tsunâmicos de capitais continuam a ingressar na economia brasileira por todos os poros. O governo dificultou alguns, outros se abriram. O governo anunciou um IOF de [até] 25% -antes era de 6%- sobre operações com derivativos que reúnem apostas especulativas sobre a cotação futura do dólar.

É uma tentativa indireta de conter um atalho encontrado pelo mercado para contornar as medidas disciplinadoras tomadas anteriormente nessa área. Um desses atalhos é o crédito intercompanhias. Fluxos enviados das matrizes para filiais brasileiras -mas também de filiais brasileiras para o departamento financeiro da sede- inundam o mercado e derretem a cotação do dólar, que, na 3ª feira (26) recuou ao nível mais baixo em 12 anos.

A operação intercompanhias ajuda a maquiar em investimento as operações de ‘carry trade’. Ou seja, o ingresso de recurso tomado lá fora a juro zero para a engorda rápida no pasto rentista mais nutritivo do mundo, a juro de 6,8% reais ao ano.

A avalanche impulsiona as importações com dois efeitos contraditórios: arrefece a inflação com o ingresso de mercadoria barata na economia, mas transfere emprego e produção para o exterior. É um ‘corner’ estratégico para o qual não existe resposta estritamente técnica. No fundo, trata-se de escolha sobre a sociedade que se quer construir no Brasil.

Esta semana, o empresário Jorge Gerdau, de cujas convicções conservadoras não se deve duvidar, defendeu abertamente limites ao ingresso de capital externo.

Há 15 dias, metalúrgicos do ABC fizeram uma greve inédita, cuja palavra de ordem era "contra a desindustrialização". Leia-se, contra o desemprego e baixos salários.

Alguns economistas de esquerda mostram-se céticos. Acham que o país perdeu o ‘timming’ para agir na medida em que permitiu valorização cambial tão grande. Reverter a roda agora trará custos e riscos -inflacionários, por exemplo- proporcionais ao exagero registrado em sentido contrário.

Cabe à política, portanto, encontrar os contrapesos de que se ressente a lógica econômica estrita. No vácuo, o rentismo dará as cartas. Uma opção seria uma ofensiva propositiva de sindicatos e empresários sobre o passo seguinte do desenvolvimento brasileiro. A desordem cambial reflete desarranjo mais amplo nos preços básicos da economia -entre os quais a taxa de juros se sobressai como um aspirador que suga recursos ao rentismo, em detrimento de outras prioridades. Reordenar essa equação requer negociação política mais ampla. O antídoto ao rebote da inflação, por exemplo -ameaça embutida no caso de um controle cambial que encareça subitamente as importações- está na repactuação das bases do crescimento. Na equação ortodoxa, não tem saída: é desindustrialização ou inflação.”

FONTE: cabeçalho do site “Carta Maior”

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Crime contra a humanidade: OTAN destrói suprimento de água líbio

arte de Carlos Latuff
Infâmias


por Chico Villela


Numa demonstração de covardia, impunidade e sanha criminosa, a OTAN acaba de destruir o sistema e as instalações de abastecimento de água e a indústria de equipamentos do maior sistema de irrigação do mundo, criado pelo governo Gaddafi.

A destruição, que nega as falsas postulações de uma ONU emasculada e fútil de “proteção da população civil”, compromete o futuro do país e de mais de 70% da população líbia, que recebe água desse sistema.

Os atentados na Noruega atingiram um governo que apóia causas nobres mundo afora, prometeu reconhecer o Estado Palestino e vem retirando de sua planilha de investimentos as empresas israelenses responsáveis por construir colônias em ocupações em território palestino. Foi obra de ativistas de extrema-direita, que odeiam islâmicos e fazem reverências a Israel.

Mas a Noruega também está presente com tropas no Afeganistão, entre outros Estados membros da OTAN. Essa dubiedade vem acompanhando todas as manifestações armadas de uma Europa mergulhada em crises e que nem sequer dá conta mais de seus próprios terroristas.

O crime cometido agora pela OTAN na Líbia certamente será responsável por centenas de milhares de mortes. A carência de água é hoje a principal causa de mortes, por exemplo, de crianças em todo o planeta, seja pela sua simples falta, seja pelo uso que se passa a fazer de fontes de água contaminadas e impróprias para uso humano e das doenças que acarretam.

Os fatos abrem novas janelas sobre a atual Europa. Devastada por duas guerras gigantescas provocadas por seus próprios povos no século passado, a Europa, hoje alinhada a um império exponencialmente assassino e em acelerada decadência, mostrou-se incapaz de encontrar caminhos novos após sua trajetória colonial genocida, suas práticas militaristas assassinas e suas instituições corrompidas.

Os atentados em Oslo e na ilha vizinha em nada se diferenciam da última cartada genocida e repelente da OTAN, da qual a Bélgica, anote-se mais uma vez, faz parte. Criminosos loiros de olhos azuis estão nos dois lados dos crimes. O norueguês assassino de seu povo acha-se entre grades, será processado e condenado. Os criminosos loiros de olhos verdes que chefiam a OTAN ainda estão soltos, mas apenas matam povos não europeus. Ora, esses são “matáveis” sem dores de consciência e sem imprensas. Mas seus crimes são muito, muito, muito mais hediondos que os dos amadores solitários que matam menos de 100 pessoas. No Iraque já morreram mais de 1 milhão 400 mil pessoas.

Quem são os terroristas do século XXI?


Fonte: NovaE

terça-feira, 26 de julho de 2011

DILMA SANCIONA LEI QUE AMPLIA EM 60% FÔLEGO FINANCEIRO DO BNDES


“A presidenta Dilma Rousseff sancionou na última quinta-feira (21) lei que permite ao governo tomar, neste ano, até R$ 55 bilhões emprestados do “mercado”, vendendo títulos públicos, para injetar no ‘Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social’ (BNDES) e manter linha especial de crédito a empresas, criada durante a crise financeira mundial de 2008/2009.

A lei aumenta em 60% o orçamento de 2011 do BNDES, que de janeiro a maio emprestou R$ 43 bilhões, segundo dados divulgados pelo banco na quinta-feira. A maior parte dos empréstimos foi para os setores de infraestrutura (40%) e industrial (32%). Agropecuária, comércio e serviços dividiram o restante.

A nova lei, que não teve nenhum ponto vetado por Dilma, foi publicada no Diário Oficial da União de sexta-feira (22). Nasceu de medida provisória (MP) que o governo editara em março por entender que, neste ano, ainda haveria incertezas sobre a economia mundial que poderiam atrapalhar a indústria brasileira. Reforçar o caixa do BNDES garantiria às empresas que elas teriam onde buscar financiamento para continuar investindo.

O governo estima que, neste ano, o BNDES receberá pedidos de empréstimos que somam R$ 145 bilhões. Com o orçamento de cerca de R$ 90 bilhões, não seria possível atender a todos –40% teriam de ser negados. Daí, a necessidade de complemento.

O dinheiro é obtido pela Secretaria do Tesouro Nacional com a venda de títulos públicos ao “mercado”. O Tesouro providenciou, em junho, R$ 30 bilhões, dos R$ 55 bilhões que pode fornecer ao BNDES.

Alguns adversários do governo criticam esse tipo de operação porque ela ajuda a aumentar a dívida pública e causa certo prejuízo financeiro à União, produzindo, na opinião deles, efeitos duvidosos. Quando o governo vende o título, paga taxa de juros ao comprador mais alta do que aquela que o BNDES vai cobrar da empresa para a qual emprestar o dinheiro.

Essa forma de capitalizar o BNDES foi criada em meio à crise financeira mundial, porque os bancos privados pararam de fazer empréstimos às empresas do setor produtivo. A saída [bem sucedida] adotada pelo governo para preencher a lacuna foi intensificar a atuação dos bancos públicos.

Em 2009 e 2010, o governo injetou no BNDES R$ 134 bilhões em recursos tomados no “mercado”, reforçando a instituição como a maior do planeta em termos de financiamento ao desenvolvimento. No ano passado, o BNDES emprestou R$ 168 bilhões, sete vezes mais do que em 2000 e algo em torno de 4% do produto interno bruto (PIB), a soma das riquezas produzidas pelo país.

Na década, o lucro do BNDES também teve crescimento expressivo. Saiu de R$ 867 milhões, em 2000, para R$ 9,9 bilhões no ano passado. Desde 2006, o lucro tem estado sempre acima de R$ 5 bilhões.”

FONTE: site “Carta Maior”.

MAIS DESINDUSTRIALIZAÇÃO: BRASIL TEM PIOR ÍNDICE ENTRE 13 PAÍSES


“O fenômeno da desindustrialização avança no Brasil —e já se torna uma ameaça para status obtido pelo país no governo Lula (2003-2010). Graças à absurda sobrevalorização do real, a indústria brasileira tem apresentado o pior desempenho entre os grandes mercados emergentes.

Os bens fabricados no Brasil estão ficando mais caros em relação ao que é produzido fora —o que torna o setor industrial do país menos competitivo em relação a seus pares. O chamado “Índice de Gerentes de Compras” (PMI, na sigla em inglês) —um indicador baseado em entrevistas feitas com executivos— apontou tendência de contração do setor no país em junho.

O PMI tenta prever o comportamento da indústria com base em informações como nível de estoques, ritmo de novas encomendas e contratações. Entre as 13 nações emergentes para o qual o índice é calculado, o Brasil foi o único a registrar queda no mês passado, embora outros países também tenham exibido tendência de desaceleração. Na média dos últimos 12 meses, o Brasil também teve expansão mais fraca que a de outras nações.

Para Fabio Akira, economista-chefe do ‘JP Morgan’ no Brasil, a fraqueza da indústria medida pelo PMI reflete, principalmente, o desempenho dos setores exportadores, mais afetados pelo câmbio valorizado. "Isso contribui para uma redução da produção industrial", diz Constantin Jancso, economista do HSBC. O HSBC, em parceria com a 'consultoria Markit', calcula o ‘Índice de Gerentes de Compras’ para um grupo de mercados emergentes (conhecido pela sigla EMI, em inglês).

Dados de produção industrial confirmam a debilidade relativa do Brasil. Entre os dez emergentes que estão no G20 (grupo que reúne importantes economias), a produção industrial brasileira em maio só teve desempenho melhor que a da África do Sul. Registrou expansão em relação ao mesmo mês de 2010 de 2,7%, ante 13,3% da China, 5,6% da Índia, 4,1% da Rússia e 6,3% da Argentina.

Segundo o economista Claudio Frischtak, da ‘InterB Consultoria’, o real forte prejudica a indústria —mas aumenta o poder aquisitivo da população. Produtos importados estão mais baratos. Porém, no longo prazo, o câmbio valorizado —resultado em parte de juros altos que atraem capitais de fora— limita o crescimento.

Em agosto, o governo deve lançar medidas de estímulo à exportação de produtos manufaturados. Segundo especialistas, incentivos pontuais ajudam setores específicos —mas não atacam a perda de competitividade do setor.”

FONTE: portal “Vermelho”,

quarta-feira, 20 de julho de 2011

As respostas que O Globo preferiu não aproveitar

Por que a população não sai às ruas contra a corrupção?

19 de julho de 2011

Da Página do MST

O jornal O Globo publicou uma reportagem no domingo para questionar por que os brasileiros não saem às ruas para protestar contra a corrupção.

Para fazer a matéria, os repórteres Jaqueline Falcão e Marcus Vinicius Gomes entrevistaram os organizadores das manifestações de defesa dos direitos dos homossexuais e da legalização da maconha. E a Coordenação Nacional do MST.

A repórter Jaqueline Falcão enviou as perguntas por correio eletrônico, que foram respondidas pela integrante da coordenação do MST, Marina dos Santos, e enviadas na quinta-feira em torno das 18h, dentro do prazo.

A repórter até então interessada não entrou mais em contato. E a reportagem saiu só no domingo. E as respostas não foram aproveitadas.

Por que será?

Abaixo, leia as respostas da integrante da Coordenação Nacional do MST que não saíram em O Globo.

Por que o Brasil não sai às ruas contra a corrupção?

Arrisco uma tentativa de responder essa pergunta ampliando e diversificando o questionamento: por que o Brasil não sai às ruas para as questões políticas que definem os rumos do nosso país? O povo não saiu às ruas para protestar contra as privatizações — privataria — e a corrupção existente no governo FHC. Os casos foram numerosos — tanto é que substituiu-se o Procurador Geral da Republica pela figura do “Engavetador Geral da República”.

Não saiu às ruas quando o governo Lula liberou o plantio de sementes transgênicas, criou facilidades para o comércio de agrotóxicos e deu continuidade a uma política econômica que assegura lucros milionários ao sistema financeiro.

Os que querem que o povo vá as ruas para protestar contra o atual governo federal — ignorando a corrupção que viceja nos ninhos do tucanato — também querem ver o povo nas ruas, praças e campo fazendo política? Estão dispostos a chamar o povo para ir às ruas para exigir Reforma Agrária e Urbana, democratização dos meios de comunicação e a estatização do sistema financeiro?

O povo não é bobo. Não irá às ruas para atender ao chamado de alguns setores das elites porque sabe que a corrupção está entranhada na burguesia brasileira. Basta pedir a apuração e punição dos corruptores do setor privado junto ao estatal para que as vozes que se dizem combater a corrupção diminua, sensivelmente, em quantidade e intensidade.

Por que não vemos indignação contra a corrupção?

Há indignação sim. Mas essa indignação está, praticamente restrita à esfera individual, pessoal, de cada brasileiro. O poderio dos aparatos ideológicos do sistema e as políticas governamentais de cooptação, perseguição e repressão aos movimentos sociais, intensificadas nos governos neoliberais, fragilizaram os setores organizados da sociedade que tinham a capacidade de aglutinar a canalizar para as mobilizações populares as insatisfações que residem na esfera individual.

Esse cenário mudará. E povo voltará a fazer política nas ruas e, inclusive, para combater todas as práticas de corrupção, seja de que governo for. Quando isso ocorrer, alguns que querem ver o povo nas ruas agora assustados usarão seus azedos blogs para exigir que o povo seja tirado das ruas.

As multidões vão às ruas pela marcha da maconha, MST, Parada Gay…e por que não contra a corrupção?

Porque é preciso ter credibilidade junto ao povo para se fazer um chamamento popular. Ter o monopólio da mídia não é suficiente para determinar a vontade e ação do povo. Se fosse assim, os tucanos não perderiam uma eleição, o presidente Hugo Chávez não conseguiria mobilizar a multidão dos pobres em seu país e o governo Lula não terminaria seus dois mandatos com índices superiores a 80% de aprovação popular.

Os conluios de grupos partidários-políticos com a mídia, marcantes na legislação passada de estados importantes — como o de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul — mostraram-se eficazes para sufocar as denúncias de corrupção naqueles governos. Mas foram ineficazes na tentativa de que o povo não tomasse conhecimento da existência da corrupção. Logo, a credibilidade de ambos, mídia e políticos, ficou abalada.

A sensação é de impunidade?

Sim, há uma sensação de impunidade. Alguns bancos já foram condenados devolver milhões de reais porque cobraram ilegalmente taxas dos seus usuários. Isso não é uma espécie de roubo? Além da devolução do dinheiro, os responsáveis não deveriam responder criminalmente? Já pensou se a moda pegar: o assaltante é preso já na saída do banco, e tudo resolve com a devolução do dinheiro roubado…

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em recente entrevista à Revista Piauí, disse abertamente: “em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio em 2015. E aí, acabou.(…) Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional.”

Nada sintetiza melhor o sentimento de impunidade que sentem as elites brasileiras. Não temem e sentem um profundo desrespeito pelas instituições públicas. Teme apenas o poder de outro grupo privado com o qual mantêm estreitos vínculos, necessários para manter o controle sobre o futebol brasileiro.

São fatos como estes, dos bancos e do presidente da CBF –- por coincidência, um dos bancos condenados a devolver o dinheiro dos usuários também financia a CBF — que acabam naturalizando a impunidade junto a população.

domingo, 17 de julho de 2011

“O corno do século XX” ou “A última exilada”

Como a Globo deu o golpe da barriga em FHC, mandando Miriam Dutra para Portugal


Assim como existe carro-forte, existe armário-forte. O do Caso FHC-Miriam Dutra não abria nem com pé-de-cabra até abril de 2000, quando Caros Amigos veio com a primeira reportagem sobre o assunto. A revista entrega o jogo logo de cara. “Por que a imprensa esconde o filho de 8 anos de FHC com a jornalista da Globo” é o título que ocupa toda a capa. Não entra em tricas nem futricas, denuncia o silêncio dos grandes grupos de comunicação diante de “Um fato jornalístico”, como diz o título da reportagem.

Por isso, os jornalistas que assinamos a matéria de 6 páginas – eu, Sérgio de Souza, Mylton Severiano, Marina Amaral, José Arbex e João Rocha – deixamos de lado quase todos os detalhes que cercam o romance para ir fundo no essencial: por que, quando lhe interessa, a mídia publica que Fulano ou Cicrano teve caso fora do casamento; e naquele caso, passou uma década escondendo o caso FHC-Miriam Dutra. Então, em 2000, não era o caso de contar que...

· .... o caso de amor começa com a bênção de outro par constante, Alberico de Souza Cruz, o todo-poderoso diretor de jornalismo da Rede Globo, e Rita Camata, a bela deputada federal do PMDB, sensação do Congresso, mulher do senador capixaba Gerson Camata, que um dia seria candidata a vice de Serra nas eleições presidenciais de 2002.
· .... mais saborosa que a pauta da Constituinte, as andanças do quarteto na noite brasiliense eram o grande assunto nos círculos políticos e nas redações. Contudo, os diálogos e as situações vividas por eles não renderam um mísero gossip em coluna social alguma.
· .... o bafafá com status de rififi que se instalou no gabinete de Fernando Henrique, ouvido no corredor por jornalistas do naipe de Rubem Azevedo Lima, e presenciado por seus assessores, quando Miriam Dutra foi comunicar-lhe a gravidez, seria digno dos melhores bordéis do Mangue – “Rameira!”, xingava o senador aos berros. Tudo com direito a efeitos especiais, arrematados por um chute de bico de sapato de cromo alemão no circulador de ar.
· .... a operação cala-a-boca-da-Miriam foi organizada por uma força-tarefa: Alberico de Souza Cruz; o então deputado federal José Serra; e Sérgio Motta, que tinha coordenado a campanha de Fernando Henrique para o Senado, seu amigo mais íntimo.
· .... o trio maravilha se desdobra. Providencia a mudança da futura mamãe para apartamento mais confortável na Asa Sul – ao botar o colchão no caminhão, um dos carregadores alisou-o e disse para os colegas: “Este é do senador” (ah, esse povo brasileiro); e, depois do nascimento da criança, na medida em que se projetava a candidatura de Fernando Henrique à presidência, tratam de mudar Miriam para outro país. No caso, Portugal, onde a Globo era parceira da SIC – Sociedade Independente de Comunicação, primeira estação portuguesa de televisão privada. Aí a repórter iniciaria a longa carreira de última exilada brasileira, que chega aos nossos dias.
· .... Ruth Cardoso, antropóloga, pouco ficava em Brasília. Tocava vida própria em São Paulo, o que facilitava o caso extraconjugal do marido.
· .... Fernando Henrique não contou para Ruth Cardoso o caso extraconjugal durante certa viagem a Nova York como se propala, mas numa casa isolada nos arredores de Brasília, onde o casal descansava nos fins de semana. Foi pouco antes dele assumir a candidatura. Não se sabe, claro, o que conversaram. O certo é que, por volta das oito da manhã, jornalistas que ali davam plantão, viram um Gol sair em disparada, com Fernando Henrique ao volante e a mulher ao lado. E foram atrás deles até o hospital Sarah Kubitschek, onde o casal desapareceu.
· ... a futura primeira-dama reapareceria com um braço na tipóia no saguão do hospital; ao ser abordada pelos repórteres, perdeu sua habitual presença de espírito e afastou-os, quase explodindo: “Me deixem em paz!”

SEGREDOS DE POLICHINELO

Coroa do Príncipe
Não havia, como não há hoje, jornalista em Brasília que não soubesse de tudo quanto se passa, às claras ou nos bastidores. Segredos de polichinelo. Veja fez uma reportagem, mandou repórter atrás de Miriam na Europa (não por coincidência, Mônica Bergamo, que viria a dar na Folha, em 2009, a notícia do reconhecimento do filho adulterino por Fernando Henrique, 18 anos depois). Mas, naquela época, a semanal nada publicou.

Nós também fomos atrás dela na Espanha, onde Miriam passou a morar depois de Portugal – “Perguntem para a pessoa pública”, foi a única coisa que deixou escapar. Ao mesmo tempo, fomos atrás de uma história que envolveu toda a imprensa. E volta a envolver: a história de Tomás Dutra Schmidt. Que a maioria dos colegas, na sua anglofilia, transformou em Thomas. Está lá, no registro do cartório Marcelo Ribas, conforme cópia autenticada obtida por Marina Amaral, a quem bastou sair do hotel em Brasília, atravessar a pista e entrar no edifício Venâncio 2000, primeiro andar, onde a avó materna de Tomás foi declarante do nascimento, ocorrido a zero hora e quinze minutos de 26 de setembro de 1991.

“Por que tanto segredo?”, perguntamos a todos os jornalistas que ocupavam postos de comando nas publicações em que trabalhavam durante a campanha presidencial de 1994. Cada qual apresentou suas razões. Alguns simplesmente desqualificaram o fato.

Outros apelaram para uma ética jornalística válida apenas para FHC. Outros confessaram ainda que guardavam matéria “de gaveta” para a eventualidade de um concorrente sair na frente.

Tentando fazer “Caros Amigos” sustar a matéria, houve vários tipos de pressões, relatadas uma a uma na reportagem. Algumas sutis, outras ostensivas.

Um amigo jornalista me acenou com emprego público na Petrobras, durante almoço na cantina “Gigetto”, quando julgavam que eu era o único autor do trabalho. Tinha sido enviado pelo lobista Fernando Lemos, cunhado de Miriam Dutra. O mesmo Lemos que mandou um dublê de jornalista e lobista à redação de “Caros Amigos”, dizendo estar intercedendo em nome da própria jornalista da Globo, o que ela negou de pés juntos lá em Barcelona.

Um deputado federal do PT ligou-nos para dar “um toque”. Disse que o Planalto estava preocupado com “uma matéria escandalosa” que estaríamos fazendo.

O afável colega Gilberto Mansur chamou Sérgio de Souza e seu sócio Wagner Nabuco de Araújo para jantar no “Dinho’s Place” da avenida Faria Lima. Começou suave, ponderando que a revista ia criar problemas para si própria, que aquele assunto era irrelevante, que, deixando aquilo pra lá, Caros Amigos passaria a ter o mesmo tratamento da grande imprensa em matéria de anúncios estatais. Vendo que Sérgio de Souza era irredutível, deixou claro que podíamos esquecer a publicidade oficial se publicássemos a matéria – o que já acontecia na prática.

Caneca do Príncipe
ETERNAMENTE OTÁRIO

Na época, Gilberto Mansur, ex-diretor da revista masculina Status, um mineiro maneiro, era braço-direito do publicitário Agnelo Pacheco, que havia conquistado a confiança do secretário de Comunicação de FHC – e homem das verbas publicitárias, portanto.

Falamos do embaixador Sérgio Amaral, porta-voz da Presidência, que o colunista de humor José Simão chamava de “porta-joia”, sempre com a pose de “nojo de nóis”.

Juntos, Agnelo e Amaral “operavam” a Caixa Econômica Federal. Agnelo adorava dizer que era um dos depositantes do “Bolsa Pimpolho”, que financiava a vida de Miriam Dutra e seu filho no continente europeu.

O que não tem a menor relevância perto do Custo Brasil para alimentar a conspiração de silêncio em torno do romance. Existem hoje, no eixo Brasília-São Paulo, grupos de picaretas que ficaram ricos graças a esse adultério, bem como ao falso DNA agora brandido pela família Cardoso, a fim de evitar mais um herdeiro a dividir l’argent que FHC vai deixar.

Absolutamente contra sua vontade, FHC cai de novo na boca do povo. Mesmo nas edições online dos grupos de comunicação que tanto faturaram para esconder o romance, seus leitores vêm com pérolas, tais como este comentário sobre a notícia da Folha do teste de DNA negativo, repercutindo nota da coluna Radar, de Veja – autora do furo:

A GLOBO DEU GOLPE DA BARRIGA EM FHC: O Brasil pagou caro essa pensão. FHC, quando era ministro da Fazenda, isentou de CPMF todos os meios de comunicação. Em 2.OOO houve o Proer da mídia, que custou entre US$ 3 e US$ 6 bilhões aos cofres públicos. Ele também mudou a Constituição para permitir que a mídia brasileira, então falida, pudesse contar com 30% de capital estrangeiro. E autorizou que o BNDES fizesse um empréstimo milionário à Globo.

Ricardo J. Fontes: DNA falso você pode conseguir com qualquer R$ 10 milhões em qualquer esquina de São Paulo ou Washington, onde Tomás estuda. Mas, se FHC, de fato, não for o pai, o Brasil merece conhecer o pai verdadeiro, o homem que tomou dinheiro dos Marinhos e de FHC durante 20 anos e carimbou de vez o ex-presidente como, além de entreguista, zé-mané, trouxa, pangaré, terceirizado. Enfim, otário.
post de beatrice

sábado, 16 de julho de 2011

Ley de Medios para o Lula poder falar. Alô, alô Bernardo !

Chama o Franklin, Lula ! Chama o Franklin !

Saiu no Tijolaço:

A voz voltou. Falta o alto-falante.


Da Agência Brasil, agora há pouco:

“O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Siva pretende ter uma participação mais ativa na política nacional. “Vou voltar a andar por esse país. Vou voltar a incomodar algumas pessoas outra vez,” disse ele, ao discursar hoje (15) durante o 2º Congresso Nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT).


Lula destacou que chegou ao fim o período de afastamento voluntário do cenário político que ajudou na consolidação da presidenta Dilma Rousseff à frente do comando do país. “Eu disse, no início do ano, que ia entrar em um processo de desencarnação, para poder permitir a encarnação da presidenta Dilma.”


O ex-presidente adiantou que as suas ações serão voltadas à busca de soluções para os problemas sociais. “Embora não seja mais presidente, sou cidadão brasileiro. Como cidadão brasileiro, serei o lobista número 1 das causas sociais. Quem tiver um problema social pode me contar que farei lobby com o Gilberto Carvalho [ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência] e com a presidenta Dilma Rousseff para que a gente possa resolver isso”, disse.”


E na Agência Estado:

“A gente não pode aceitar que os americanos façam o ajuste da sua política fiscal à custa da desvalorização do dólar, o que cria prejuízo para o comércio dos países mais pobres. A gente não pode permitir que a crise venha causar prejuízo para o nosso País”, disse Lula (…)


Num tom inflamado, Lula culpou os países desenvolvidos pela crise no continente europeu. “Estamos vendo a Espanha, Portugal e Grécia numa situação delicada. É uma crise que não foi causada pelos países pobres, é uma crise causada pelos países ricos. É uma crise surgida não na Bolívia, não na Argentina, no Paraguai ou no Brasil. É uma crise surgida nos Estados Unidos e na Europa”, apontou.


Nos 20 minutos de discurso, Lula fez um balanço de seus oito anos de governo, com destaque para a estabilidade econômica e a forma como o Brasil superou a crise internacional. “Enquanto o Obama já está há mais de dois anos sem resolver a crise americana, enquanto a Europa já está há dois anos sem resolver a crise lá, aqui no Brasil nós dissemos que a crise seria uma marolinha, que ia chegar por último e ia embora primeiro. E foi exatamente o que aconteceu”, afirmou.



Que falta faz falar num tom assim – que o fato de já não estar na Presidência facilita em muito – para que as pessoas possam entender o que se passa! Que falta faz a polêmica, a falta de patrulhamento, o enfrentamento com o que diz a mídia!


Mas também é preciso que se diga: que falta faz uma estrutura de comunicação que possa fazer esta voz ser ouvida, sem a edição e o trato maroto da mídia, com o tom didático e claro com que ela soa, com a imagem do rosto que empresta credibilidade às palavras…


Procuramos, procuramos, procuramos e não há (espero que logo haja) uma gravação na internet, que a gente possa colocar para rodar na rede. Se o ex-presidente quer romper com aquele pretensioso monopólio dos que se julgam “formadores de opinião”, é preciso dar – já e já – um alto-falante eletrônico a esta voz. – Postado por Fernando Brito

NavalhaAlô, alô Paulo Bernardo.

Cadê a Ley de Médios do Franklin ?


Paulo Henrique Amorim

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O Brasil quer importar cientistas americanos e europeus

Protótipos do "Andar de Novo" de Nicolelis

Saiu no Blog do Planalto:

Queremos atrair a inteligência para o Brasil, diz Mercadante


O Brasil vai aliar a situação econômica do país e as demissões em massa de cientistas nos Estados Unidos e Europa para atrair profissionais de ponta para trabalharem em regime temporário no território nacional. A informação é do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, nesta quinta-feira (14/7), após audiência com a presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto. Mercadante compareceu na companhia do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que integra o grupo dos 20 mais renomados e influentes cientistas no mundo, para apresentar a proposta da criação do programa Escola sem Fronteiras e intensificar o Andar de Novo, desenvolvido em Natal (RN), além da realização de concursos públicos para contratar profissionais no mercado internacional.


“Vamos abrir concursos internacionais para atrair cientistas de ponta e impulsionar as áreas científicas. Para se ter uma ideia, em dois anos, o equivalente a um terço do quadro do ministério estará aposentado. Então, parte dos pesquisadores será composta por brasileiros e a outra parte contratada no exterior”, informou Mercadante ao citar como exemplo o fato de a Nasa — a agência espacial americana — ter demitido recentemente cerca de quatro mil trabalhadores.
O neurocientista Miguel Nicolelis iniciou a entrevista informando que o projeto Escola sem Fronteiras, conforme apresentado à presidenta Dilma, tem por objetivo atuar em áreas fronteiriças de 12 países na América do Sul. Assim, por exemplo, num determinado período os jovens seguem com os estudos normais de cada país — obedecendo a grade curricular — e em outro período estudam matérias científicas.


Outro trabalho desenvolvido por Nicolelis, o Andar de Novo, também mereceu simpatia da presidenta Dilma e, tal fato levará a uma visita, em data a ser definida, às dependências do instituto em Natal (RN). O neurocientista informou também que vem desenvolvendo equipamento que permitirá pessoas paralíticas ou tetraplégicas, por exemplo, a andarem apoiadas por equipamentos produzidos por sua equipe. Conforme contou, a meta é que os aparelhos estejam prontos em quatro anos. A demonstração aconteceria na abertura da Copa do Mundo Fifa 2014.


Vídeo com a íntegra da entrevista do ministro Aloizio Mercadante e do neurocientista Miguel Nicolelis

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A beleza do capitalismo

NA INGLATERRA, A ‘FOLHA’ ESTARIA EM APUROS


Por Eduardo Guimarães

“O brasileiro já se acostumou à cantilena de que qualquer questionamento aos métodos cada vez mais desesperados da mídia local em busca de audiência ou de influir no jogo do poder seria “tentativa de censura”. Em países “marxistas” como a Inglaterra, porém, liberdade de imprensa não se confunde com liberdade para delinqüir.

O Comitê de Cultura, Mídia e Esportes do Parlamento britânico “convidou” Rupert Murdoch, uma espécie de Roberto Marinho gringo, seu filho James Murdoch e a diretora do império de mídia deles, Rebekah Brooks, para darem explicações sobre grampos ilegais utilizados pelo tablóide “The News of the World” para obter informações.

Mas a “fúria censora” inglesa não pára por aí. Novos documentos e gravações apontam que os jornais “Sunday Times” e ”The Sun”, do mesmo Murdoch, teriam tido acesso a dados financeiros privados do ex-premiê Gordon Brown e ao histórico médico do seu filho.

Como a Grã Bretanha entende que não se pode confundir liberdade de imprensa com práticas criminosas, o governo, pressionado pela sociedade, passou a impor obstáculos a Rupert Murdoch para adquirir a plataforma televisiva “BSkyB”. Por conta disso, aliás, é provável que a operação nem saia.

Alguém imagina coisa similar acontecendo no Brasil?

Em sua edição de 25 abril de 2009, o jornal “Folha de S. Paulo” reconheceu que publicou em sua primeira página, sem checar a veracidade, uma reprodução de ficha policial da então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que recebera por e-mail (!!) de um site de ultra-direita.

A reportagem que acompanhava a falsificação acusava Dilma de ter participado de complô para sequestrar o ministro da ditadura militar Delfim Neto. A ficha continha informações forjadas. E, apesar dos laudos mostrando a falsidade do “documento”, alguns dias depois o jornal manteve a mentira dizendo que não poderia confirmá-la ou desmenti-la.

As razões da “Folha” eram óbvias. O Brasil estava às portas da campanha eleitoral que escolheria o sucessor –ou a sucessora– de Lula e o jornal, partidário da candidatura de José Serra, tratava de tentar destruir a imagem da principal adversária do tucano.

Se tivéssemos a sorte de viver em um país civilizado em que o conceito “liberdade de imprensa” não serve de desculpa para a prática de falcatruas “jornalísticas” desse porte, e que entende que denunciá-las e puni-las não é censura coisa nenhuma, hoje o filho do baba-ovo da ditadura Otavio Frias de Oliveira, estaria frito.”

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães e publicado em seu blog “Cidadania.com”

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Classe D vai à universidade e estoura bolha da Miriam


A urubóloga agora deu para falar na bolha.

É a antecipação da catástrofe que nao se realizará.

É uma das artimanhas do PiG(*): o mundo vai se acabar.

Quando ?

Só o Ali Kamel sabe.

Se não acabar, cria-se outra crise (ou bolha).

A bolha atual seria a inadimplência da Classe C.

A inadimplência do brasileiro é a menor dos BRICs.

Ou seja, se o mundo se acabar vai acabar antes na China.

E, aí, é melhor fugir para Marte.

A urubóloga já se valeu da estratégia da “antecipação do fim do mundo” com o anúncio do apagão da Dilma, quando a Presidenta era ministra das Minas e Energia.

Este ansioso blogueiro lembra a urubóloga do destino de seu colega no Bom (?) Dia Brasil, o enólogo Renato Machado.

Foi promovido a Rei da Inglaterra, porque a Classe C acha ele um chato.

A urubóloga corre o risco de ser designada para ajudar a Blá-blarina a achar o rumo de casa.

Na floresta.

Este ansioso blogueiro entrevistou Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, uma instituição de pesquisa que se especializou em perscrutar a Classe C.

Na verdade, o Data Popular e o Marcelo Neri da FGV, do Rio, descobriram uma forma de ganhar a vida sendo pagos pela elite brasileira para falar mal da elite brasileira.

Essa elite da “antecipação do fim do mundo”.

A entrevista com o Meirelles vai ao ar nesta terca feira no Entrevista Record, da Record News – que tem o dobro da audiência da Globo News – às 22h15, logo depois do Heródoto Barbero.

Renato vai mostrar que desde 2002, com o Nunca Dantes (que, por isso a elite jamais o perdoará), houve 800 mil novos universitários da classe D.

Classe D , amigo navegante.

Hoje, 100 mil jovens da Classe D – classe D – entram por ano na universidade.

Por culpa desses malditos ProUni e Enem!

Que horror !

E, amigo navegante, agora que o Meirelles estoura a bolha da Miriam:

Para cada ano que um jovem de classe D fica na universidade, o salário dele se torna 15% maior do que o de um jovem que não foi para a faculdade.

Isso é ascensão na veia.

E nao é aquela prosperidade do Plano Real da urubóloga – da dentadura, do frango.

É prosperidade que se torna patrimônio pessoal, irremovível: educação.

Nao é uma bolha.

É conhecimento que torna a pessoa muito mais preparada para se virar numa adversidade.

Se, hoje , a economia dá uma freada de arrumação, não ha nenhum motivo para se imaginar que a bolha (bolha de quê ?) vá explodir na cara da Presidenta.

O jovem filho de cortador de cana que estuda na Escola Técnica de Suape para ser soldador num estaleiro é muito mais esperto do que a urubóloga pensa.

Cuidado, um dia a Classe D vai à forra e manda o Casal 45, com o Ali Kamel , para a Corte do Rei Artur.


Paulo Henrique Amorim

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A ideologia da classe dominante incutida na classe dominada

Ideologia dominante
Sírio Possenti
De Campinas (SP)

Uma das teses mais clássicas do marxismo sobre ideologia tem forma de slogan: a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante. Os estudiosos do funcionamento da sociedade que adotam teses marxistas (não surgiu nada melhor para explicar nosso dia a dia, seja o da TV, seja o dos mercados) conferem um lugar especial às ideologias, embora seu postulado fundamental seja o de que são as relações econômicas que comandam a história, em última instância. Para que as engrenagens econômicas funcionem, é preciso que os cidadãos acreditem que elas são as que devem ser (nada como ler Delfim Neto para convencer-se de que os economistas são ideólogos, não cientistas).

Bourdieu e Passeron produziram obra notável, na década de 70 (A reprodução), cuja tese é que a escola contribui fortemente para reproduzir a sociedade a que serve. Faz isso reproduzindo sua ideologia. Invariavelmente a escola "prova" que os mais pobres são também os mais incapazes. Como ela faz isso? Analisando o desempenho escolar a partir de critérios (de saberes) de classe, desigualmente distribuídos.

Dou um exemplo banalíssimo, e antigo: no livro didático do meu segundo ano de escola, no interior de Santa Catarina, em uma comunidade totalmente rural, líamos uma narrativa chamada "Férias na roça". Meninos da cidade iam a uma fazenda para apreciar a natureza e sentir o cheiro acre dos estábulos. Ora, cheiro acre dos estábulos!! Nem vou mencionar os textos que falam (falavam) da família: o pai provia o sustento, a mãe cuidava do lar e os dois filhos, um menino e uma menina (nesta ordem), brincavam e estudavam. A empregada, sempre negra, fazia o serviço pesado e umas comidinhas especiais. Tudo parecia natural.

A mesma coisa acontece com o ensino de português: a língua dos menos favorecidos (!!) é considerada errada. E nem se deve falar dela na escola, segundo os "sábios". Imagine "defendê-la"! Só na universidade é que se pode saber a "fala popular" segue regras. O povo não pode saber disso! Nem outros intelectuais! Só os linguistas! Para o povo, ditados bobos, que provam que não sabe nada. Soletrando neles! Um dos argumentos que frequentaram algumas páginas que discutiram o livro do MEC era que o próprio povo quer aprender língua padrão, o português correto. Qualquer pesquisa mostraria isso, dizia-se. Supostamente, só os linguistas quereriam "ensinar errado".

Não adiantou dizer-lhes que nenhum linguista defende esta tese (e eles acham que sabem ler!). Parece ser mesmo verdade que "o povo" quer aprender a falar e escrever corretamente. Por quê? Pelas mesmas razões que o levam a querer comer melhor, vestir-se melhor, morar melhor, viajar mais, comprar computador e TV de tela plana. E, eventualmente, a votar contra a reforma agrária e pelo endurecimento da política de segurança. É a ideologia da classe dominante incutida na classe dominada. Parece tão antigo! Mas é tão verdadeiro! Só saiu de moda. Até porque muitos mudaram de lado.

Quando os ricos são defendidos pelos pobres, conseguiram sua maior façanha: convencê-los de que eles não são apenas ricos; também são os únicos que estão certos! Em relação a tudo: da ortografia à quantidade de mata que pode eliminar.

O ensino de língua é ideológico, sim senhor.

Ideologia dominante
Getty Images

"A escola contribui fortemente para reproduzir a sociedade a que serve"
Sírio Possenti
De Campinas (SP)

Uma das teses mais clássicas do marxismo sobre ideologia tem forma de slogan: a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante. Os estudiosos do funcionamento da sociedade que adotam teses marxistas (não surgiu nada melhor para explicar nosso dia a dia, seja o da TV, seja o dos mercados) conferem um lugar especial às ideologias, embora seu postulado fundamental seja o de que são as relações econômicas que comandam a história, em última instância. Para que as engrenagens econômicas funcionem, é preciso que os cidadãos acreditem que elas são as que devem ser (nada como ler Delfim Neto para convencer-se de que os economistas são ideólogos, não cientistas).

Bourdieu e Passeron produziram obra notável, na década de 70 (A reprodução), cuja tese é que a escola contribui fortemente para reproduzir a sociedade a que serve. Faz isso reproduzindo sua ideologia. Invariavelmente a escola "prova" que os mais pobres são também os mais incapazes. Como ela faz isso? Analisando o desempenho escolar a partir de critérios (de saberes) de classe, desigualmente distribuídos.

Dou um exemplo banalíssimo, e antigo: no livro didático do meu segundo ano de escola, no interior de Santa Catarina, em uma comunidade totalmente rural, líamos uma narrativa chamada "Férias na roça". Meninos da cidade iam a uma fazenda para apreciar a natureza e sentir o cheiro acre dos estábulos. Ora, cheiro acre dos estábulos!! Nem vou mencionar os textos que falam (falavam) da família: o pai provia o sustento, a mãe cuidava do lar e os dois filhos, um menino e uma menina (nesta ordem), brincavam e estudavam. A empregada, sempre negra, fazia o serviço pesado e umas comidinhas especiais. Tudo parecia natural.

A mesma coisa acontece com o ensino de português: a língua dos menos favorecidos (!!) é considerada errada. E nem se deve falar dela na escola, segundo os "sábios". Imagine "defendê-la"! Só na universidade é que se pode saber a "fala popular" segue regras. O povo não pode saber disso! Nem outros intelectuais! Só os linguistas! Para o povo, ditados bobos, que provam que não sabe nada. Soletrando neles! Um dos argumentos que frequentaram algumas páginas que discutiram o livro do MEC era que o próprio povo quer aprender língua padrão, o português correto. Qualquer pesquisa mostraria isso, dizia-se. Supostamente, só os linguistas quereriam "ensinar errado".

Não adiantou dizer-lhes que nenhum linguista defende esta tese (e eles acham que sabem ler!). Parece ser mesmo verdade que "o povo" quer aprender a falar e escrever corretamente. Por quê? Pelas mesmas razões que o levam a querer comer melhor, vestir-se melhor, morar melhor, viajar mais, comprar computador e TV de tela plana. E, eventualmente, a votar contra a reforma agrária e pelo endurecimento da política de segurança. É a ideologia da classe dominante incutida na classe dominada. Parece tão antigo! Mas é tão verdadeiro! Só saiu de moda. Até porque muitos mudaram de lado.

Quando os ricos são defendidos pelos pobres, conseguiram sua maior façanha: convencê-los de que eles não são apenas ricos; também são os únicos que estão certos! Em relação a tudo: da ortografia à quantidade de mata que pode eliminar.

O ensino de língua é ideológico, sim senhor.

Escrevo isso para esclarecer de novo aos que inalaram o marxismo em bares que a discordância dos ataques ao tal livro do MEC não configura esquerdismo.

Uma analogia

No Caderno Ilustríssima (que nome!), da Folha de S.Paulo de domingo, dia 26/06, Joel Rufino dos Santos conta uma história que hoje parece engraçada. Estava preso, em 1965, suspeito de subversão. Um dia, foi tirado da cela para ter seu cabelo cortado (cabeludos não eram bem vistos!). O barbeiro quis saber do tenente que tomava conta de Rufino o que ele tinha feito. O militar lhe disse que Rufino tinha sido convencido por um general comunista a reescrever a história do Brasil. "Como assim?", perguntou o barbeiro. "Eles escreveram, por exemplo, que Pedro Álvares Cabral era viado!" respondeu o tenente.

Assim que li o parágrafo, pensei: "Imaginem se um Fulano como esse tenente decide explicar a um barbeiro cético o que professores de português e estão escrevendo nos livros do MEC". Talvez o castigo não ficasse no corte de cabelos, como não ficou para muitos, naqueles tempos. Houve censores que quiseram prender Sófocles, outros que queriam saber do paradeiro de Immanuel Kant. Qualquer livro de capa vermelha era suspeito, mesmo que tratasse de culinária.

O obscurantismo é de doer.

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BRASIL TERÁ MENOS POBRES QUE OS EUA (visão do banco espanhol SANTANDER)


Por Paulo Henrique Amorim

BRASIL TERÁ MENOS POBRES QUE OS EUA. BYE-BYE CERRA 2014

Na foto do Bessinha, o Manifesto-chabu com que o Cerra vai salvar o Brasil

“Saiu no portal iG:

BRASIL TERÁ MENOS POBRES QUE EUA, DIZ BANCO SANTANDER

Presidente do banco no Brasil afirma que aumento da classe média é impressionante

Aline Cury Zampieri, do portal "iG", enviada à Espanha

“Em alguns anos, o Brasil terá menos pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza do que os Estados Unidos. A avaliação é de Marcial Portela, presidente do [banco espanhol] Santander no País. Durante entrevista coletiva na cidade de Santander, na Espanha, ele reforçou o interesse do banco na diversificação geográfica de seus negócios e a intenção de participar da bancarização da América Latina (AL) e do Brasil.

O Brasil deve ter ingresso de 25 milhões de pessoas no sistema bancário em quatro anos”, afirmou. “Queremos conquistar entre 15% e 20% dessa fatia.” O Santander possui, atualmente, 40 milhões de clientes na América Latina, sendo metade deles no Brasil. “O fenômeno da classe média brasileira é impressionante. Nosso grande desafio é conquistar as camadas mais baixas, da classe D, nas quais ainda não temos muita experiência.”

Portela lembra que o banco já entrou no microcrédito brasileiro, com R$ 1 bilhão em empréstimos. Tem um projeto semelhante no Chile e pretende levar a experiência também para o México. “Estamos em processo de vinculação e ampliação do número de clientes, em geral. Crescemos a uma taxa média de 10% ao ano na América Latina.”

FONTE: reportagem de Aline Cury Zampieri, do portal iG