sábado, 30 de junho de 2012

Como pode um garagista ganhar mais que Dilma?


camara municipal sp ok Como pode um garagista ganhar mais que Dilma?
Agora que o Portal da Transparência, graças à recém implantada Lei de Acesso à Informação, está divulgando os salários dos servidores públicos, a começar pela presidente Dilma Rousseff e seus ministros, estamos tomando conhecimento de alguns absurdos perpetrados com o nosso dinheiro, casos que já repercutiram até na revista inglesa "The Economist".
O exemplo mais escandaloso é o de um garagista da Câmara Municipal de São Paulo, o novo marajá Alexandre Camargo Pereira, 37 anos, que os repórteres do "Estadão" encontraram trabalhando como assessor parlamentar no gabinete do vereador Juscelino Gadelha (PSB).
O salário do servidor informado pelo site da Câmara é de inacreditáveis R$ 23.206,96. Ao receber o holerite, Alexandre não estranhou os valores depositados em sua conta. Deve ter achado tudo muito normal, e não reclamou, claro. Lá na Câmara, afinal, muita gente ganha altos salários há muito tempo e ninguém pergunta nada para ninguém.
O que mais me chocou nesta história foi comparar o salário do garagista com o da presidente da República divulgado pelo Portal da Transparência. Segundo a "Folha" desta quinta-feira, a presidente Dilma recebeu de salário, para cuidar do país, exatos R$ 19.818,49 em maio.
Num país normal, nenhum servidor público poderia ganhar mais do que a presidente da República, mas os ministros Guido Mantega e Miriam Belchior, por exemplo, ganham R$ 36,3 mil por mês por participarem de conselhos de estatais.
Claro que Alexandre não é um caso único. Assim que todas as repartições públicas e casas legislativas colocarem e abrirem os dados no Portal da Transparência, poderemos constatar que os abusos constituem a regra e não uma ou outra exceção.
Na própria família do garagista há outro caso: o coordenador dos motoristas da Câmara Municipal é Joaquim Nabuco Pereira, pai de Alexandre. Salário: R$ 17 mil por mês. Os 55 vereadores da Câmara Municipal de São Paulo têm um salário mensal de R$ 7,2 mil. Tem lógica isso?
Chamados de "gatos gordos" pela "The Economist", os garagistas da Câmara despertaram a atenção também do prefeito Gilberto Kassab, em final de mandato, já pensando numa nova ocupação após deixar o cargo. "Acho que vou arrumar um emprego de garagista na Câmara", brincou o prefeito.
É por isso que membros do Judiciário e associações de servidores de todas as áreas resistem à divulgação de seus salários, alegando riscos à segurança, e prometem ir à Justiça. Eles devem ganhar salários tão altos e fora dos padrões do mercado que certamente temem sofrer sequestros ou pedidos de ajuda de parentes, só pode ser isso.
O leitor há de perguntar como é possível chegarmos a valores como os que são pagos na garagem da Câmara Municipal? Ninguém controla isso? Como se chega a esta verdadeira festa do caqui no uso de recursos públicos? Os repórteres Diego Zanchetta e Rodrigo Burgarelli foram atrás das respostas e levantaram a história do marajá.
Alexandre foi contratado, sem prestar concurso, em 2005, como assessor parlamentar do vereador Juscelino Gadelha, mas nunca trabalhou para ele como motorista. Gadelha é um dos poucos vereadores que dirige seu próprio carro.
Então o que faz o dito cujo para justificar salário tão alto? Definido como um "faz-tudo", os colegas informam que ele "ajuda tanto a descarregar caixas que chegam como a elaborar ofícios". Ah, bom, que beleza..., como diria o Milton Leite.
E o que diz o seu chefe, o vereador Gadelha? "Foi um erro, um erro meu. Eu assumi o erro. Ele vai ganhar R$ 7 mil já a partir do próximo mês. Recebeu errado uns dois, três meses. Vou resolver isso agora (...) Se ele não quiser devolver, eu vou pagar do meu bolso".
O curioso é que Juscelino Gadelha só agora, depois de Alexandre ser encontrado pelos repórteres, descobriu que havia alguma coisa errada em seu gabinete. Não estranhou, por exemplo, a doação de R$ 2,5 mil que o garagista "faz-tudo" entregou para a sua campanha à reeleição como vereador, em 2008.
Aguarda-se agora que o Supremo Tribunal Federal, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal sigam o exemplo do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Police Neto (PSDB), e coloquem os salários de todos os seus servidores no Portal da Transparência. A lei, afinal, é para todos. A Presidência da República já tomou esta providência.
Se isto realmente acontecer, ainda teremos, certamente, grandes surpresas.
post do Balaio do Kotscho

só temos que agradecer esta oposição

Liberdade de Imprensa: intelectuais defendem asilo político para Assange


“Eis a prática, por parte de Assange através do Wikileaks, da verdadeira liberdade de imprensa – aquela capaz de fazer toda a diferença”
Márcia Denser

Conforme divulgado por David Brooks em La Jornada, Noam Chomsky, Michael Moore, Tariq Ali, Oliver Stone, o ator Danny Glover, entre outros, entregaram terça última (26) carta à embaixada do Equador em Londres, pedindo que seja concedido asilo político a Julian Assange, fundador do Wikileaks. Os signatários da carta defendem que se trata de um caso claro de ataque contra a liberdade de imprensa e contra o direito do público de conhecer verdades importantes sobre a política externa, além de uma séria ameaça à saúde e ao bem-estar de Assange (no caso de uma extradição para os Estados Unidos).
Intelectuais, artistas, cineastas e escritores do mundo todo solicitaram ao governo do Equador que conceda asilo a Julian Assange, Fundador do Wikileaks, atualmente refugiado na embaixada desse país em Londres. Além dos já citados, incluem-se na lista o comediante Bill Maher, Daniel Ellsberg, ex-analista militar famoso por divulgar os papeis do Pentágono durante a guerra do Vietnã, e Denis J. Halliday, ex-secretário geral assistente da Organização das Nações Unidas, entre dezenas de outras personalidades que assinaram a carta de apoio ao pedido de Assange de asilo político no Equador.
Afirmam que, por se tratar de um caso claro de ataque contra a liberdade de imprensa e contra o direito do público de conhecer verdades importantes sobre a política externa, sem contar que a ameaça à saúde e ao bem-estar é séria, pedem que seja concedido asilo político a Assange.
O fundador do Wikileaks ingressou na sede diplomática equatoriana a semana passada para evitar sua extradição para a Suécia. Os signatários da carta concordam com o agora fugitivo (rompeu as condições de sua detenção domiciliar ao entrar na sede diplomática) que há razões para temer sua extradição, pois há uma alta probabilidade de que, uma vez na Suécia, seja encarcerado e provavelmente extraditado para os Estados Unidos.
O governo de Barack Obama realizou um processo, conhecido como Grande Júri, para preparar uma possível acusação legal criminal contra Assange, ainda que o procedimento seja secreto até emitir sua conclusão. Além disso, meios de comunicação relataram que os departamentos de Defesa e de Justiça investigaram se Assange violou leis penais com a divulgação de documentos oficiais.
Os signatários sustentam que esta e outras evidências mostram a hostilidade contra Wikileaks e seu criador por parte do governo norte-americano, e que se ele fosse processado conforme a Lei de Espionagem nos Estados Unidos poderia enfrentar a pena de morte. Além disso, acusam o tratamento desumano ao qual foi submetido Bradley Manning, acusado de ser a fonte dos documentos vazados para Wikileaks.
“Reivindicamos que seja outorgado asilo político ao senhor Assange, porque o ‘delito’ que ele cometeu foi o de praticar o jornalismo”, afirmam na carta. Assange revelou importantes crimes contra a humanidade cometidos pelo governo dos Estados Unidos. Os telegramas diplomáticos revelaram as atividades de oficiais ianques para minar a democracia e os direitos humanos ao redor do mundo.
A carta, entregue por Robert Naiman, diretor da organização americana Just Foreign Policy, autora da iniciativa, foi acompanhada de outra petição assinada por mais de quatro mil americanos que solicitam que o governo do Equador conceda asilo a Assange. A íntegra da carta pode ser lida em justforeignpolicy.org/node/1257.
É isso aí, pessoal, eis a prática, por parte de Assange através do Wikileaks, da verdadeira liberdade de imprensa – aquela capaz de fazer TODA A DIFERENÇA. E não a hipócrita posição de “raposa vigiando o galinheiro”, adotada pela Mídia Hegemônica Canalha e Perversa do Planeta.
Quanto à política do continente (AL), entre “a malufada do Lula” e o golpe de estado no Paraguai, me poupem: o horizonte desta pauta é dos mais tenebrosos senão fosse absolutamente ridículo. Nenhum jornalista que se preze merece o retorno desta merda toda, mas parece que ela é inevitável assim como o mau-hálito e o fato do sol nascer todas as manhãs.

Venezuela entra no Mercosul, Paraguai sai


Mercosul suspende Paraguai e anuncia adesão da Venezuela 
Apesar de suspensão, Paraguai não sofrerá sanções econômicas; anfitriã da cúpula, presidente argentina afirma que Venezuela se tornará membro pleno a partir de 31 de julho

iG São Paulo

Os presidentes do Mercosul anunciaram nesta sexta-feira a suspensão do Paraguai do bloco de comércio, mas sem a imposição de sanções econômicas, depois de o país ter destituído há uma semana Fernando Lugo.

Anfitriã do evento, a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou que a Venezuela se tornará membro pleno do grupo a partir de 31 de julho.

Na avaliação dos presidentes do Mercosul, "a ordem democrática foi quebrada" no Paraguai porque Lugo não teve tempo hábil para sua defesa. "(Mas o grupo) não acredita em sanções econômicas, porque elas não prejudicam os governos. Elas sempre prejudicam a população", disse Cristina.

O Paraguai é um dos países mais pobres da América do Sul e qualquer sanção econômica teria sido desastrosa, já que metade de seu comércio é com os outros membros fundadores do Mercosul - Argentina, Brazil e Uruguai.

O Mercosul proibiu o sucessor de Lugo, o ex-vice-presidente Federico Franco, de participar do encontro. Franco diz que a transição de poder no Paraguai foi feita de acordo com a lei e que a atual proibição de comparecer aos encontros já é punição suficiente.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Eliana Calmon quer divulgar salários e "penduricalhos"



Assim como o Executivo federal fez ontem e todos os cidadãos já podem ter acesso ao salário da presidenta Dilma Rousseff e ministros, a destemida Corregedora Nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, quer divulgar os salários pagos no Judiciário, inclusive os "penduricalhos", que tantos querem esconder.


O problema que vemos no Judiciário não são os salários elevados, mas a contrapartida, ou seja, o serviço deficiente muitas vezes prestado ao cidadão. O custo do aparato judiciário é muito alto se pensarmos que a Justiça oferecida ao jurisdicionado deixa muito a desejar quanto à rapidez na reparação dos direitos violados, quando não é tardia ou inexistente. 


      
Eliana Calmon defende divulgação dos salários da Justiça

Corregedora disse que levou a Ayres Britto reclamações de vários magistrados

André de Souza

BRASÍLIA - A ministra Eliana Calmon, corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), defendeu nesta quinta-feira a divulgação dos salários dos servidores do Judiciário. Na quarta, o Executivo foi o primeiro poder da União a publicar o salário de seus servidores, divulgando-os no Portal da Transparência, mantido pela Controladoria-Geral da União (CGU). A corregedora disse que a Justiça deverá fazer o mesmo imediatamente, mas não deu um prazo.

- Já recebi ordem do ministro-presidente (Ayres Britto), que está absolutamente seguro, não abre exceção, para que nós façamos a divulgação dos nossos dados salariais. Esses dados já existem, mas não estão completos. Nós temos muitas gratificações, adicionais, enfim alguns penduricalhos. Nós pretendemos colocar para divulgação todos os itens de remuneração dos magistrados - disse ela.

Eliana Calmon disse que levou a Ayres Britto, que também é presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), reclamações de vários magistrados no sentido de que a divulgação dos salários poderia trazer insegurança aos funcionários do Judiciário. Mas, segundo ela, Ayres Britto refutou os argumentos, dizendo que não se trata de questão de segurança e que a divulgação é prioritária.

No Supremo, a divulgação dos nomes e salários começará em 5 de julho. Tudo será divulgado, inclusive gratificações e auxílios. A regra válida para o STF, no entanto, não precisa ser seguida pelos outros tribunais. Apenas se o CNJ normatizar a questão é que todos os tribunais do país (com exceção do próprio STF) terão que seguir a regra.


Corregedora lamenta que Justiça precisa ser "tocada" para andar

Também nesta quinta-feira, Eliana Calmon apresentou o balanço do programa Justiça Plena, que acompanha o andamento de processos de grande repercussão social, fornecendo apoio administrativo para que eles sejam julgados com celeridade. São 108 processos monitorados atualmente e outros 13 já finalizados. Eliana Calmon lamentou que, para andar, a Justiça precisa ser "tocada", mas também disse que não é possível ampliar muito o programa.

- A regra seria que a Justiça andasse sem que ninguém precisasse tocar. Essa é a regra. Mas nós estamos muito longe disso. Não queremos abrir demasiado porque seria inclusive injusto, porque tornar-se-ia um pedido de preferência (de julgamento). Por isso a restrição que fazemos daqueles processos que sejam processos de grande repercussão social, para resolver às vezes a vida de centenas de pessoas - disse a ministra, acrescentando que, se fosse estendido o programa, seria difícil acompanhar todos os processos com a devida atenção.

Ela destacou que, para ser acompanhado, não são permitidos pedidos de pessoas físicas. Para que isso ocorra, o cidadão deve procurar um dos parceiros do CNJ, como a Secretaria de Direitos Humanos (SDH), a Advocacia Geral da União (AGU), o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Defensoria Pública dos estados e da União, e a Procuradoria dos Direitos dos Cidadãos. Há ainda casos que foram monitorados após pedidos de juízes.

- Eles (os juízes) se sentem às vezes impotentes diante da plêiade de recursos. Eles reclamam muito da burocracia da Justiça, onde os recursos se sucedem - disse ela, negando ainda que algum juiz tenha se sentido pressionado pela iniciativa do CNJ.

Entre os processos finalizados está o do assassinato da ex-deputada alagoana Ceci Cunha, que foi morta em 1998 a mando de seu suplente.

Nos tribunais de Justiça estaduais, o que tem ou teve mais casos monitorados pelo CNJ foi o do Ceará, com 14, sendo que alguns deles relacionados a grupos de extermínio. Em seguida vem o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (11 casos) e o de Alagoas e Goiás (sete cada).

Mas o tribunal com mais casos é o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), sediado em Brasília, e que abrange 13 estados e o Distrito Federal. São 20 no total. Os outros tribunais federais têm 15 casos. Nos tribunais trabalhistas, são seis casos. No Superior Tribunal de Justiça cinco, e no Tribunal Superior do Trabalho (TST) dois.

Segundo a corregedora Eliana Calmon, o programa começou após a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, mostrar preocupação com alguns processos que estavam em andamento, mas a passos lentos. Isso fez com que a Corte Inter-Americana de Direitos Humanos processasse o Brasil pela demora.



O Globo Online

quinta-feira, 28 de junho de 2012

O depoimento dramático de um morador da Chuíça


O Conversa Afiada reproduz comentário da amiga navegante Samira:
Trabalho e Moro em São Paulo. Na semana passada em meu bairro Vl Merces, dois policiais foram fuzilados na rua que da acesso ao Carrefour Anchieta, meu escritório fica na Av. Padre Arlindo Vieira V Merces, ontem passou gente na rua avisando que haveria toque de recolher as 17;00 horas.

Minha mãe trabalha em um Posto de Saúde do Pq Bristol e uma viatura policial avisou que eles deveriam fechar e informou populares nas ruas do bairro que deveriam ir para casa , sair das ruas.

Minha irmã é professora em uma creche do bairro e a diretoria da creche disse que receberam uma ligação que deveriam fechar pois haveria toque de recolher Todas as escolas públicas da região do Pque Bristol, Jd. caragatá, Vl. Merces, Jd. Maristela, Vl. Vermelha, Vl. Moraes, Vl Brasilina e imediações fecharam por ordem do tráfico.

As 16;30 em frente ao meu trabalho várias viaturas policiais pararam os onibus e o transito, pediram para os passageiros descerem , as pessoas na rua entraram em panico pois já sabiam dos avisos do PCC e viram tantos policiais juntos, O comércio todo do Bairro fechou, inclusive os maiores supermercados: uma loja do Ricoy e um Carrefour _ Loja Anchieta ( todas as lojas da Galeria também fecharam).

Meu pai é cobrador de ônibus da Viasul , o carro que ele trabalha deveria recolher as 23;30 , foi chamado as 20 horas para a garagem , Meu pai e vários outro trabalhadores da Viasul tiveram que ir para casa a pé as 20;30 hra pois não havia mais ônibus curculando, pois colocaram fogo em um onibus no Jd, Botucatu ontem no final da tarde..

Na rua, meu pai andou por cerca de 7 km para chegar em casa. O que ele viu, foram ruas vazias, as poucas pessoas eram trabalhadores voltando para casa a pé após um dia de trabalho. Bares, padarias comércio , farmácias tudo fechado. Nenhum policial ou viatura nas ruas , os moradores calados e com medo.

Depois de um dia de terror em todos esses bairros da Chuiça , os moradores extressados e amedrontados, não viram nenhuma pequena notas nos Jornais da noite e hoje ainda temos que ver o Secretário de Segurança pública dizer que não houve nada foram só “BOATOS”. Fiquei estarrecida, Teríamos eu, minha familia , meus vizinhos sido vítimas de um delírio coletivo ? Provocado talvez por maricotas fofoqueiras???? Estaremos todos delirantes ?

Será verdade que vivemos em uma cidade tranquila, abaladas apenas p
or boatos que quem não tem o que fazer????
post do conversa afiada

50 anos sem Ley

 
Aqui, a Globo diz que uma Ley de Medios seria o mesmo que censurar a imprensa.
no “Documento de Encaminhamento da Lei Geral de Telecomunicações” do Ministro Sergio Motta ao Presidente Fernando Henrique Cardoso, em 10 de dezembro de 1996.

Na pág. 14 do Documento, Motta diz ao Presidente da República:

“ … para a reforma completa do Código (Brasileiro de Telecomunicações, de 1962) está previsto que, ao longo de 1997, seja desenvolvido novo projeto a ser submetido ao Congresso nacional, que se pretenda venha a se tornar a nova Lei de Radiodifusão”.

Motta fez quatro versões de uma “Lei de Radiodifusão”.

(Ou Ley de Medios, como se diz aqui.)

Fernando Henrique engavetou as quatro.

Apesar de, pouco antes de morrer, Motta ter dito a Fernando Henrique: “não se apequene !”.

Ele se apequenou.

O ansioso blogueiro encontrou Sergio Motta, por acaso, no Hospital Albert Einstein, pouco antes de morrer.

E perguntou se ele deixaria a Globo comprar a Embratel, no leilão da privatização das teles, que se aproximava.

Ele respondeu:

Não, eu e o Fernando temos um compromisso político. Isso não pode acontecer.

Não aconteceu porque a Globo não teve bala para disputar o leilão.

Agora, o compromisso político dos dois, pelo jeito, morreu com o Motta.

O ansioso blogueiro explicou na FEA – também por sugestão do amigo generoso – que a privatização dos telefones só foi possível, porque Motta tirou o “telefone” de dentro da “radiodifusão”.

Fez uma “Lei Geral de Telecomunicações” para privatizar os telefones.

E prometeu para o ano seguinte a Ley de Medios.

A Globo não deixaria privatizar os telefones, se houvesse o risco de mexer no Código de 1962.

Há 50 anos há um vazio institucional no Brasil.

Em 1962, no Governo Goulart, havia 2 milhões de aparelhos de televisão no Brasil.

Não havia “rede nacional”.

Essa é a “Lei” que instalou a selva institucional onde prevalece a lei do mais forte: a razão do mais forte é sempre a melhor, diria aquele francês ilustre.

Entre 1966 e 1967, os governantes militares decidiram que o grupo Time-Life não podia ser dono de uma emissora de televisão no Brasil.

E mandaram Roberto Marinho comprar as ações dos americanos – o que, por si só, demonstra que a Globo nasceu na ilegalidade: na associação com a Time-Life.

Roberto Marinho acertou com o Ministro da Fazenda, Delfim Netto: vender pela “tabela cheia” comerciais a instituições do Governo: Banco do Brasil, Caixa Econômica, Embratel, Petrobrás.

(Por essas e outras o ansioso blogueiro acha muito engraçado quando dizem que este blog é chapa branca porque tem publicidade do Banco do Brasil e da Caixa… Não é isso, Gilmar Dantas (*) ?, aquele que ameaçou retirar a publicidade da Caixa deste ansioso blog.)

Vender pela “tabela cheia” significa vender acima de preços de mercado, porque a “tabela cheia”, universalmente, é um início de conversa: é dali para baixo.

Logo, o Governo Federal, ou seja, você, amigo navegante, comprou as ações do grupo Time-Life e deu de presente ao Roberto marinho.

É assim que ele defende o capitalismo, até hoje.

Depois, em 1988, veio a Constituição Cidadã do Ulysses Guimarães.

Até hoje, 25 anos depois, o Congresso não regulou os artigos da Constituição de 1988 que tratam da Comunicação:

é proibido ter monopólio;

politico não pode ter concessão;

tem que haver programação regional;

é assegurado o direito de resposta.

E o Congresso ?

Nada !

Por isso, o jurista Fábio Konder Comparato defende no Supremo condenar o Congresso nacional por omissão.

E o Supremo já aceitou julgar a causa do professor Comparato.

(Certamente o fará com menos rapidez com que condenará o Jose Dirceu …)

Imagine, perguntou o ansioso blogueiro à plateia de estudantes dos Cursos de Mestrado e Doutorado, além de empresários: o Congresso da República ser condenado por omissão !

O Brasil é o único país “sério” que não tem uma Ley de Medios.

Nos Estados Unidos, a FCC supervisiona o telefone e a televisão.

Na Inglaterra, o Ofcom também

Aqui, a Globo diz que uma Ley de Medios seria o mesmo que censurar a imprensa.

Como fazem provavelmente a FCC e a Ofcom nesses regimes tirânicos instalados na Inglaterra e nos Estados Unidos.

Por isso, Franklin Martins, que deixou de herança uma competente Ley de Medios, disse no Congresso do Instituto Barão de Itararé, em Salvador: o que se quer é “nada além da Constituição”.

Franklin também diz que, se continuar a Lei da Selva, o mexicano Slim, a Portugal Telecom e a Telefonica de Espanha, mais dia, menos dia, tomam conta do pedaço, porque elas têm uma capacidade de geração de caixa muito maior do que a industria da rádio-difusão.

Hoje, o Ministro Paulo Bernardo tem a faca e o queijo na mão para mandar ao conservador Congresso brasileiro um projeto de Lei de Marco Regulatório, ou uma “nova lei de Radiodifusão”,  como prometeu o Sergio Motta, em 1996.

Por que não faz, pergunta-se o professor Venício Lima.

Por que a Ley de Medios ?

Para conter a Globo ?

Para proteger a Globo das telefônicas ?

Não, porque ela é um meio de promover a Cidadania, a Democracia.

“Comunicação” não é apenas um negócio, uma indústria, a TI, disse o professor Grisi.

Comunicar-se é um Direito do Homem.

Como a liberdade !


Paulo Henrique Amorim

terça-feira, 26 de junho de 2012

CPI obtém todas as gravações. Civita, tremei !

Quem sabe não há outras conversas do Demóstenes com o Carlinhos, como aquela “o Gilmar mandou subir”?

Íntegra de gravações da PF está liberada à CPMI de Cachoeira


A partir desta sexta-feira, a íntegra das gravações das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, estará à disposição de integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a ligação do contraventor Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados. O material estava com a Justiça Federal em Goiânia e foi trazido até a secretaria da comissão na noite de quinta-feira pelo próprio relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG).


Como se trata de documentação protegida por regras de preservação de sigilo, o material lacrado foi depositado no cofre da secretaria da CPMI. As mídias serão abertas ainda nesta sexta e inseridas no banco de dados referente às operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal. A partir daí, poderão ser consultadas por deputados e senadores que integram a comissão e seus assessores credenciados.


Segundo informações do presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), procedimentos adotados por ele e por Odair Cunha possibilitaram a liberação do material em 48 horas. O senador explicou que, até então, a CPMI só tinha acesso a gravações editadas, contendo as partes de interesse da operação policial. Com o recebimento do novo material, os parlamentares poderão consultar outros trechos que podem ser úteis ao trabalho da comissão.

Navalha
Como se sabe, a PF do Zé Cardozo dificultou (propositadamente ?) o acesso às informações obtidas na Operação Monte Carlo.
Agora, a CPI e todos os seus membros obtém as informações originais.
Mete a mão naquele precioso material que estava na casa do Carlinhos Cachoeira (do Carlinhos ou do Perillo ?).
Vamos ver os detalhes de como o Demóstenes e o Carlinhos montaram a operação que deu origem ao mensalão (petista, porque o mensalão tucano se segue com a mesma rapidez).
E que permitiu à TV Record “melar o mensalão”.
Vamos ver se dessa vez, com a íntegra das gravações, a “bancada da Globo” consegue impedir o depoimento do Robert(o) Civita e seu diretor em Brasília.
O Requião vai pode repetir da tribuna do Senado: a Veja é agente do Diabo.
Quem sabe não há outras conversas do Demóstenes com o Carlinhos, como aquela “o Gilmar mandou subir”?
O logging dos vôos – será que o Carlinhos “importava” jatinhos daquele jeito que o Zé Cardozo demorou a descobrir ?
E as pegadas da Globo, que o Leandro achou na Carta Capital: haverá outras no crime organizado ?
Teremos o Cerra e o Paulo Preto com o Cavendish na marginal (sic) de São Paulo ?
E o Gurgel, os procuradores, a mulher do Juiz ?
Tem mais prevaricação acoitada, como disse o Collor ?
Como se vê, a CPI já foi longe.
Agora, vai mais ainda.
Ela dura até novembro.
E pode explodir em cima da eleição, não é isso, Paulo Preto ?




Paulo Henrique Amorim

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Assunción nas garras do Condor

Lembro perfeitamente daquele dia em que Fátima Bernardes olhou soturnamente para a câmara e disse, na sua melhor voz de velório: “Hoje faz quatro meses que começou o escândalo do mensalão!” Penso que em seguida ela deve ter tido um orgasmo, depois daqueles quatro meses conseguindo levar o povo de cabresto, quase todo o país de olhos, narizes e emoções concentrados em Brasília e no Jornal Nacional, sem a menor chance de conseguir olhar para nada que se passasse um pouco além das nossas fronteiras.

Este é um dos grandes males de nosostros, brasileños: para a esmagadora maioria da nossa população, o mundo começa e acaba em Brasília, e o que acontecer além de Brasília não existe, o que quer dizer que coisas assim também não existam em outros países – vi um livro didático do Canadá que dava vontade de chorar: as crianças das escolas canadenses descobrem que há o Canadá – ao redor existem animais selvagens e alguns poucos homens ”selvagens” – portanto, para elas, nosostros sequer existimos.

Portanto, lá no começo do milênio ficamos quatro meses tão fascinados pelo escândalo do mensalão que sequer nos demos conta do que ele queria esconder: no nosso vizinho tão próximo, encostadinho, o Paraguai, naqueles quatro meses foram aprovadas leis que permitiam a instalação de uma base estadunidense naquele país, que concordavam que os soldados estadunidenses podiam roubar, matar, estuprar, torturar, em território paraguaio, sem sofrer sanções – e naqueles quatro meses a tal base foi devidamente instalada em Mariscal Estigarribia, ao norte do Paraguai, pertinho pertinho do Brasil, e tem lá um aeroporto IMENSO (4.000 m de pista – 3,85 m de espessura, em concreto), capaz de receber todo o tipo de aeronave, e eu fui lá vi tudo isso com estes olhos que a terra há de comer, e meu amigo que estava junto até tirou fotos de tudo! Portanto, a qualquer momento qualquer aeronave pode subir, lá, e encher de bombas lugares como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília ou Porto Alegre, sem contar que fica facilzinho facilzinho bombardear, também, lugares como La Paz, Caracas ou Buenos Aires. E nós, aqui, bobos, a gemer de raiva orquestrados pela voz melíflua e fúnebre de Fátima Bernandes, sem dar a mínima para o que acontecia do lado de lá da fronteira. Alguém importante deve ter dado os parabéns à Fátima Bernardes, elogiado sua atuação ao fazer um país inteiro ficar surdo e mudo para o mundo por conta do fascínio dela, enquanto se armava a grande arapuca para a nossa área!

(Em tempo: acabo de consultar São Google, e lá tem de tudo sobre a tal base e o aeroporto – embora também tenha gente lá dizendo que é tudo mentira. Mas que vi, vi, e, inclusive, junto com outros passageiros de um ônibus, fui bastante humilhada pelos tais soldados estadunidenses numa estrada ao norte do Paraguai, ali por perto.)

Então, agora, andava me coçando: o que é que estava acontecendo, DE VERDADE, por detrás do caso Cachoeira, que há meses mantém, de novo, os brasileiros de cabresto, a olhar para Brasília? Algo havia que ter, e coisa séria – cheguei a comentar tal coisa com algumas pessoas. Procurava ver, mas não clareava – mas para o público do Jornal Nacional estar tão fascinado pelo Cachoeira que acho que já nem se importa mais com futebol, coisa grossa estava à vista, mas eu ainda não conseguia enxergar. Ontem, então, a coisa ficou clara, claríssima: num sórdido golpe de estado que eu assisti passo a passo via Telesur (facilzinho de pegar via Internet: WWW.telesurtv.net – clicar senal en vivo), o presidente Lugo, do Paraguai, foi deposto pelo Congresso daquele país, e um títere foi colocado no seu lugar. Lugo acatou, saiu – não quis ver sangue inocente derramado nas praças de Assunción, aquela cidade tão linda e tão querida, que é um bálsamo para o meu coração e um tesouro na minha vida , impedindo, assim, o massacre de milhares de pessoas que já lá estavam para defender a legalidade da democracia e que já estavam levando bala de borracha e gás lacrimogêneo.

O Condor volta a voar nas Américas. Faz três anos devorou Honduras; agora, foi a vez do Paraguai – amanhã ou depois será a nossa vez. Se você ainda não sabe o que é a Operação Condor, sugiro que se informe, pois muito sangue e muita lágrima já correu aqui na nossa Terra de Santa Cruz e em outros lugares por causa dela, e parece que tudo se repete. Com São Google, hoje, não há como se manter ignorante de coisas assim, das quais depende o nosso futuro. E quando o Jornal Nacional começar a falar demais no mesmo assunto, ligue as antenas: alguma maldade MUUUUITO maior está para acontecer.

Aqui, choro, como chorei tanto ontem, pelo nosso irmão Paraguai que está tão dentro do meu coração. Assunción, a linda e a doce, onde estão as flores das árvores pejadas de História das tuas praças? Ainda haverá primavera para ti, minha querida Assunción, ou só te restará ser o ninho podre daquele Condor de voos baixos e rasantes, ao contrário dos livres voos dos condores das altas montanhas?

Ah! Assunción, minha querida, fico aqui torcendo pela tua primavera. Ao se despedir, ontem, Lugo disse que o povo era forte, forte, forte... Quem sabe possa voltar a primavera? Por enquanto, é tempo de chorar, e choro.

Urda Alice Klueger é escritora, historiadora e doutoranda em Geografia pela UFPR.Direto da Redação.

Uai, quer dizer então que eles já sabiam?


do 247O documento é de 23 de março de 2009 e foi vazado pelo Wikileaks. Produzido pela embaixada dos Estados Unidos em Assunção, o memorando previa que Fernando Lugo seria derrubado por meio de um golpe parlamentar – exatamente como aconteceu na última sexta-feira, quando o presidente eleito do Paraguai foi substituído por seu vice Federico Franco.
Enquadrado como “confidencial” por Michael J. Fitzpatrick, o texto diz o seguinte:
“Rumores indicam que o general Lino Oviedo e o ex-presidente Nicanor Duarte estão trabalhando juntos para assumir o poder por meio de instrumentos (predominantemente) legais que deverão afetar o presidente Lugo nos próximos meses. O objetivo: capitalizar sobre qualquer tropeço de Lugo para iniciar o processo político no Congresso, impedir Lugo e assegurar sua supremacia política (...) A revolta relacionada a um programa de subsídios para agricultores por meio de ONGs foi considerada um pretexto para o impeachment antes que Lugo abandonasse o programa. Para um presidente que enfrenta muitos desafios – disputas políticas internas, corrupção e a percepção de que seu estilo de liderança é ineficiente – Lugo deve se preocupar para não cometer um erro, que seria seu último.”
Até agora, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não se manifestou sobre o golpe de Estado no Paraguai. Na Rio+20, o jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo, foi cercado por seguranças quando tentou saber da secretária de Estado Hillary Clinton qual é a posição dos Estados Unidos a respeito da crise.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

CGU PEDE LEI QUE PENALIZE EMPRESAS CORRUPTORAS


Ministro Jorge Hage Sobrinho

 

“Em entrevista à Carta Maior, o ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU) disse que, hoje, o máximo que o governo pode fazer para punir empresas como a "Delta Construtora", acusada de operar para o esquema de Carlinhos Cachoeira, é declará-la inidônea. Jorge Hage também comentou a revolução provocada na administração pública pelo início da vigência da "Lei de Acesso à Informação", considerada por ele “a mais moderna do mundo”.

 

"O ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage Sobrinho, fez apelo aos deputados e senadores presentes ao lançamento da "Frente Parlamentar Mista pelo Fortalecimento da Gestão Pública", na terça (19), no Senado, para que aprovem, com urgência, as matérias legislativas que fortalecem o combate à corrupção no país. Em especial, o projeto de lei nº 6826/2010, que penaliza empresas corruptoras com multa baseada no percentual do seu faturamento e reparação aos cofres públicos.

Em rápida entrevista à "Carta Maior", após o evento, o ministro disse que a legislação atual impede que o governo tome medidas contundentes para punir empresas que usam, indevidamente, o dinheiro público, como foi o caso da "Delta Construtora", acusada de fazer parte do esquema Cachoeira. A CGU auditou, por amostragem, 17 dos contratos rodoviários firmados pela construtora entre 2009 e 2010, envolvendo mais de R$ 220 milhões. Em todos eles, foram detectadas irregularidades. No contrato mais caro, de R$ 39,6 milhões, para a recuperação de rodovias federais no Mato Grosso, foi comprovado sobrepreço de R$ 9 milhões, ou seja, de 22,7% do total.

O ministro comentou, também, a revolução provocada na administração pública pela "Lei de Acesso à Informação", considerada por ele “a mais moderna do mundo”. A Lei, que determina o fim do sigilo eterno de documentos oficiais , está em vigência há pouco mais de um mês, com o objetivo de garantir aos cidadãos brasileiros acesso aos dados oficiais do Executivo, Legislativo e Judiciário. O decreto que regulamenta a lei foi assinado pela presidenta Dilma Rousseff no dia 16 de maio, estipulando o prazo de 20 dias, prorrogáveis por mais 10, para que os poderes atendam aos pedidos de informação da sociedade.

- Por que o senhor considera que a penalização das empresas corruptoras deve ser tema central na agenda política brasileira?

Hoje, a penalidade máxima que podemos aplicar a uma empresa corruptora é essa que aplicamos agora à "Delta". Torná-la inidônea. Só. Não há como caçá-la no seu patrimônio, de forma mais pesada, até porque as multas contratuais são absolutamente irrelevantes. Então, essa lei é importante para o combate à corrupção e é importante para que o Brasil cumpra compromisso assumido na Convenção da OCDE [Organização de Comércio e Desenvolvimento Exterior], da qual o país é signatário.

- Os resultados obtidos no primeiro mês de vigência da Lei de Acesso à Informação superaram as expectativas?

Os resultados são altamente positivos. Já foram mais de 10 mil solicitações distribuídas, mais de 70% respondidas, a maioria antes do prazo. Das respondidas, 82% atenderam ao pedido; 10% negaram e, em 7% dos casos, não se tratava da competência do órgão. E isso em um país que nunca teve nenhuma prática, nem semelhante, nem parecida com isso, que tem tradição secular de administração fechada. Ter esses níveis de atendimento já no primeiro mês é algo que realmente superou todas as nossas expectativas.

- Há setores com maior e menor dificuldade? Como as Forças Armadas, por exemplo, lidam com a questão?

Eu não diria que há setores com mais dificuldades. Eu diria que alguns tipos de pedidos, naturalmente, envolvem maior dificuldade, porque, devido a nossa falta de tradição, não há precedentes para vários assuntos. Há muitas questões que, digamos, se colocam na zona cinzenta: cabe ou não sigilo? O que cai na área do sigilo bancário, comercial, fiscal ou na área de informação de natureza pessoal, cuja informação possa por em risco a imagem ou a segurança da pessoa, é inequivocadamente sigiloso. Mas há muitas questões que ficam numa zona cinzenta. E isso vai requerer tempo de experiência e de prática, até se conseguir posição equilibrada entre a intenção, que é a de abrir o máximo possível, mas sem ofender esses casos que merecem proteção."

O consumismo nos consumirá

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Tal mãe, tal filho

 
A mãe de Assange não apenas aplaudiu a decisão do filho, de pedir asilo, mas resumiu bem a situação, ao falar com a imprensa:
Christine, mãe de Julian
Espero que o Equador lhe dê asilo e, se não, algum outro país do Terceiro Mundo. Espero que o Terceiro Mundo levante-se e faça o que é moralmente certo, quando o Primeiro Mundo não pode e não fará, porque vive com o focinho enfiado no cocho, subjugado pela ganância dos EUA e da grande finança.
Julian é prisioneiro político, é jornalista, é editor que publicou a verdade sobre corrupção, crimes de guerra, sequestros, chantagem e manipulação. Não há nenhuma acusação formal contra ele e sequer foi interrogado sobre crime que, se você examina os eventos, não tem base alguma. É claro que teria de pedir asilo.
Acrescentou que seu filho é vítima de decisões tomadas por EUA, Grã-Bretanha, Suécia e Austrália no sentido de deixar de lado o devido processo legal.
Muito século 20!
Deixar de lado o devido processo legal? É argumento – colhendo emprestada a expressão do eminente especialista em leis e professor Alberto Gonzales — tão “antigo”, tão “obsoleto”, “tão pré-11/9”! Deixar de lado o devido processo legal tornou-se, depois do 11/9, o “novo paradigma” adotado não só pelo governo Bush, mas também pelo governo Obama.
Assange não tem só pleno direito de buscar asilo: ele também avalia corretamente a situação objetiva e decide certo. Considerem o seguinte: estava a um passo de ser enviado para uma Suécia falsamente neutra, com histórico recente de curvar-se a todas as demandas dos EUA, em todos os casos em que Washington alegou algum tipo de ameaça à segurança dos EUA. Na 3ª-feira, Glenn Greenwald já apresentara um exemplo:
Em dezembro de 2001, a Suécia entregou duas pessoas à CIA a qual, em seguida, entregou as mesmas pessoas ao Egito, para serem torturadas. Decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU condenou a Suécia por violar a lei que proíbe a tortura em todo o mundo, violação que se consumou na entrega daquelas pessoas a um terceiro país (adiante, as duas pessoas vitimadas nesse procedimento processaram o governo sueco e obtiveram substancial indenização) [1]
Quem esteja pensando “Ah, mas isso foi durante o governo Bush, essas coisas já não acontecem”, repense. Em 2010 e 2011, a histeria que cerca a revelação dos crimes e vícios no modo como os EUA atuam no mundo levou várias figuras proeminentes do cenário político norte-americano a “exigir” que Assange fosse classificado como terrorista, que fosse preso e processado como espião. E houve até quem pregasse que fosse assassinado.
O deputado Peter King, Republicano de New York, presidente da Comissão de Segurança Nacional da Câmara de Deputados, exigiu que WikiLeaks fosse declarada organização terrorista e que Assange fosse processado nos termos da Lei de Espionagem de 1917, posição partilhada pela senadora Dianne Feinstein, Democrata da California, presidente da Comissão de Inteligência do Senado, que escreveu, em coluna assinada no Wall Street Journal:
“A divulgação desses documentos causa dano aos nossos interesses nacionais e põe em risco vidas de inocentes. Ele deve ser vigorosamente processado por espionagem”.
Sarah Palin
Outros foram ainda mais longe e exigiram que Assange fosse assassinado, por meios judiciais ou extrajudiciais. Por exemplo, um ex-funcionário canadense, Tom Flanagan, pregou abertamente o assassinato de Assange.
A ex-governadora do Alaska Sarah Palin disse de Assange que seria “agente antiamericano com sangue nas mãos”, caso a ser tratado como se tratam os terroristas da al-Qaeda.
Em postado em Facebook, Palin disse que Assange seria tão jornalista quanto o “editor” da revista da al-Qaeda em inglês, Inspire. E acrescentou:
“Os documentos secretos que ele divulgou revelaram a identidade de mais de 100 contatos afegãos Talibã. Por que não é caçado com a mesma urgência com que caçamos os líderes da al-Qaeda e dos Talibã?”
Tudo isso considerado, ponham-se no lugar de Assange. Se o New York Times noticia, acuradamente, que o presidente Barack Obama considerou “fácil” a decisão de mandar assassinar Anwar al-Awlaki, cidadão norte-americano suspeito de ter participado de operações terroristas contra alvos norte-americanos... como confiar que o ex-professor de Direito Constitucional saberá resistir à pressão política para mandar assassinar... você?
Pode-se descartar qualquer movimento para dronar um prédio no centro de Londres. Mas Assange, muito compreensivelmente, deve temer uma operação clandestina pelos contrapartes britânicos do FBI e da CIA — MI-5 e MI-6 — para eliminá-lo “com preconceito extremo”, como se dizia antigamente na CIA.
Dr. David Kelly
Por melodramático que soe, é preciso não esquecer que faz apenas nove anos que o biólogo do Ministério da Defesa britânico e inspetor de armamentos da ONU, Dr. David Kelly, “foi suicidado”. Sobrevivem até hoje muitas provas (circunstanciais) de que aquele suicídio não foi autoinfligido.
Kelly foi considerado “culpado” por ter distribuído informação acurada e verdadeira sobre a inexistência de “provas” das armas de destruição em massa que haveria, mas jamais houve, no Iraque. Foi convenientemente removido do palco, há quem acredite, pelas próprias mãos. A embaixada do Equador bem fará se contratar provadores britânicos, para provar todo o foie gras, trufas e bolinhos que encomendem na Harrods, vizinha.
Correa na televisão, com Assange
Quatro semanas antes de Assange procurar asilo, ele entrevistou o presidente do Equador, Rafael Correa, no 6º episódio do programa “The World Tomorrow” (programa de entrevistas, assinado por Assange, no canal Russia Today, exibido às 3ª-feiras [2]). Assange perguntou a Correa por que tanto insistira para que WikiLeaks divulgasse todos os telegramas que tinha. Correa respondeu:
“Porque quem nada deve nada teme. Nós nada temos a ocultar. De fato, os [telegramas divulgados por] WikiLeaks nos fortaleceram.” (...) Nós não tememos nada. Que publiquem tudo o que tenham a publicar sobre o governo do Equador. Não se encontrará nada contra nós. E veremos aparecer muitas informações sobre entreguismos, traições, acertos, feitos por muitos supostos opositores da revolução cidadã no Equador…
Correa comentou que quando os telegramas WikiLeaks foram distribuídos para as empresas de mídia no Equador, as empresas optaram por não publicá-los – em parte porque os documentos revelavam muito, também, sobre os próprios veículos e os próprios jornalistas. Lembrou que quando assumiu a presidência, em janeiro de 2007, cinco das sete empresas privadas de comunicação com canais de televisão no Equador eram propriedade de banqueiros. Os banqueiros usavam a máscara do jornalismo, para interferir na política e desestabilizar governos, por medo de perder poder.
Equador e EUA
Rafael Correa
Correa, 49, formado na Bélgica, na Universidade Católica de Louvain e na Universidade de Illinois em Urbana/Champaign (onde viveu por quatro anos e obteve dois títulos, de mestre e de PhD em economia), disse que admira muito o povo norte-americano. Mas o governo dos EUA é outro assunto.
Assange e Correa discutiram a decisão de Correa de expulsar do Equador a embaixadora dos EUA, Heather Hodges, tanto pelo que os telegramas de WikiLeaks revelaram quanto pela “arrogância” da embaixadora; discutiram também a decisão unilateral do presidente do Equador, de ordenar o fechamento da base militar dos EUA que havia em Manta.
Mesmo assim, tem-se a impressão de que Correa ainda tem grandes esperanças de que as coisas possam melhorar no governo Obama. O presidente do Equador comentou uma vez que o que Hugo Chávez dizia de Bush – que é o demônio – não era justa com o demônio. E que o governo de Bush tornara “invisível” a América Latina.
Sobre as relações gerais entre Equador e EUA, Correa disse a Assange que teriam de ser “um quadro de respeito mútuo e soberania.” Essa expectativa de respeito mútuo, sobretudo o respeito que Washington deve à soberania do Equador estará sendo testada nas próximas semanas.

Hillary Clinton
Hillary Clinton já deve estar arrependida de ter gasto tanta energia em sua primeira visita à Suécia como secretária de Estado, no início do mês. Se Assange conseguir escapar às garras suecas e partir para o Equador, Clinton será obrigada a repor Quito em sua agenda de viagens.
Há dois anos, uma visita de Clinton à capital do Equador foi marcada por vastos protestos, mas o presidente Correa revelou-se anfitrião elegante e cortês. Sim, mas isso foi antes de o Equador ser informado dos comentários que a embaixadora Hodges dedicava ao próprio Correa e sua equipe; antes, portanto, de Correa ter despachado a embaixadora de Clinton, de volta para casa, por excesso de “arrogância”.
Correa parece ter desenvolvido alergia aguda a arrogâncias. Clinton, portanto, talvez deva considerar a possibilidade de mandar alguém em seu lugar, no caso de os EUA precisarem persuadir o Equador a entregar Assange às suaves graças da “justiça” norte-americana.

Notas dos tradutores
[1] 19/6/2012, Glenn Greenwald, Salon, em: Assange asks Ecuador for asylum (excerto traduzido ao português na redecastorphoto)
[2] A entrevista (22/5/2012, redecastorphoto) pode ser vista em vídeo, traduzida ao português, em: Assange entrevista No. 6 – “Rafael Correa, presidente do Equador”
[3] Saltei de Banda






quarta-feira, 20 de junho de 2012

Estaria o mundo realmente aquecendo? - I

Estaria o mundo realmente aquecendo? - II

Demonstração de força

Os exércitos de Irã, Rússia, China e Síria se reúnem nas próximas semanas para o maior exercício militar conjunto já realizado no Oriente Médio
Baby Siqueira Abrão*
Correspondente no Oriente Médio
E lá vamos nós, mostrar pros xerifes do mundo que ainda podemos chamar o ladrão...

As investidas de Estados Unidos, Israel e OTAN contra a Síria e o Irã parecem ter esgotado a paciência das potências mundiais que estão do “outro lado” no espectro político mundial.
Porta-aviões e lança-mísseis Almirante Kusnetzov
Depois de resistir ao assédio de estadunidenses e israelenses, que defendem ações militares na Síria e no Irã – mais ou menos nos moldes daquelas que a OTAN fez para destruir a Líbia e que ainda custa a vida de milhares de civis – Rússia e China decidiram dar demonstrações de força. E para isso nada melhor do que unir-se a dois dos países que, no Oriente Médio, não se colocam sob as ordens dos Estados Unidos – e que são penalizados por isso, com sanções ao Irã e desestabilização política, social e econômica na Síria, palco de massacres que comovem e revoltam o mundo.
Destróier anti-submarino  e lança-mísseis russo Sovremenny
Se as potências ocidentais tomarem a Síria e o Irã, China e Rússia sabem que serão os próximos alvos. Ao menos é esse o roteiro traçado pelos serviços secretos de EUA e Israel muito antes da chamada Guerra ao Terror, cujo lançamento oficial aconteceu dias depois da queda das torres gêmeas e da torre 7 do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. E ao menos é essa a informação repassada por ex-funcionários graduados da CIA e analistas políticos com acesso a fontes importantes dentro das agências de inteligência do Ocidente.
Porta-aviões passando
pelo Canal de Suez
Os exercícios militares (wargames) dos quatro países orientais acontecerão na costa e em território sírio. Serão 90 mil soldados entre pessoal de mar, ar e terra, além de unidades de defesa aérea e de lançamento de mísseis, de acordo com a agência iraniana de notícias FarsNews.
O Egito dará apoio estratégico permitindo a passagem de 12 navios de guerra chineses pelo Canal de Suez, que devem aportar na Síria em duas semanas.
Na mesma data chegarão ao país árabe navios de guerra, submarinos atômicos e destroyers russos, além de navios e submarinos iranianos.
Um número estimado em mil tanques e 400 aviões também participará dos exercícios.
Se eles fizerem o governo israelense tremer, já estará de bom tamanho. Quem sabe assim o primeiro ministro Benjamin Netanyhau, seu gabinete e os parlamentares de direita parem de insistir no ataque ao Irã e resolvam deter também a atual investida contra os palestinos. Afinal, tanto eles como Barack Obama e a direita estadunidense saberão que não reinam sozinhos no planeta Terra.


Baby Siqueira Abrão*
Brazilian journalist - Middle East correspondent
00 xx 972 59 857-4459 or 00 xx 972 54 885-1944 (international calls)
Skype ID: alo.baby
P. O. Box 1028, Ramallah, West Bank

Assange e o pedido de asilo político feito à Embaixada do Equador na Inglaterra


Julian Assange

Resposta preventiva ao asneirol que os jornais e revistas brasileiros publicarão amanhã
De: Glenn Greenwald, em Salon (atualização)
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Glenn Greenwald
Assange não “fugiu” de coisa alguma, não é fugitivo, nem está inventando algum tipo de “jogada” para escapar da lei. O mundo todo sabe exatamente onde ele está nesse momento: no prédio da Embaixada do Equador, em Londres.
Pedir asilo, motivado pela ameaça de ter os próprios direitos violados (Assange teme ser injustamente extraditado) é procedimento legal, plenamente reconhecido, nos termos da lei internacional, da lei dos EUA e da lei da Grã-Bretanha, como viu-se no recente drama do dissidente chinês Chen Guangcheng. É direito que Assange, que qualquer pessoa pode legitimamente invocar no caso de sentir-se ameaçada.
Se o Equador recusar-se a lhe dar asilo, ele voltará à situação em que estava antes de pedir o asilo: sob custódia das autoridades britânicas, que, muito provavelmente, o extraditarão imediatamente para a Suécia, cumprindo mandato de extradição que cobre todo o território da União Europeia (mas não tem qualquer validade fora da Europa, como, por exemplo, em território do Equador).
A situação de Assange é extremamente grave, de alto risco. E – como qualquer acusado de prática de crime grave (embora, no caso de Assange não exista acusação formal) — Assange tem perfeito direito legal de invocar todos os procedimentos legais que encontre ao seu alcance, para defender a própria vida e a própria segurança.