terça-feira, 28 de abril de 2015

Governo começará a semana mais forte

Miguel do Rosário
Charge_Juniao_11_02_2015_x1impeachment_Dilma_72
O governo iniciará a semana bem mais forte do que tem estado nas últimas semanas. Dilma avançou mais um pouco para fora do cabo das tormentas que caracterizou os primeiros meses de sua nova gestão.
A decisão do PSDB, de insistir no impeachment, revelou-se um tiro no pé.
Impeachment é uma coisa séria demais para você levar adiante de maneira leviana. Foi o que o PSDB fez.
O clima no país, porém, mudou.
As ações da Petrobrás explodiram, após a divulgação do balanço da empresa.
A economia dá mostras de recuperação, inclusive no mercado de trabalho, que apresentou desempenho positivo, com destaque para a indústria.
A imprensa descobriu que argumentação do governo, sobre as pedaladas fiscais, está correta. O que o governo fez em 2014, é algo que acontece desde a era FHC, então é algo arraigado na cultura administrativa brasileira. Com uma diferença, antigamente o governo fazia “pedalada fiscal” para poder pagar FMI. Hoje, faz para não interromper programas sociais.
Então isso não serve mais como argumento para impeachment.
Para piorar, o jurista para o qual o PSDB pediu um parecer sobre o impeachment falou que não há nenhuma justificativa para tal.
O PSDB ficou com a broxa na mão, sem bandeira, amarrado a setores golpistas da sociedade, os quais, como mostrou pesquisa da USP, são completamente desinformados politicamente: acreditam que Lulinha é dono da Friboi, que o PT quer instalar ditadura comunista, e outras insanidades.
Não vou falar que não existe mais perigo, porque Sergio Moro está aí, mandando prender quem ele quer, quebrando sigilos indiscriminadamente, mantendo réus em prisão provisória eterna, já que a tática é torturar os presos para que eles delatem. Delatem o PT, é claro. Só vale delatar o PT.
Daí podem surgir mais alguns focos de incêndio, mas a imagem de Moro já está arranhada pela prisão totalmente ilegal da cunhada de Vaccari. A comunidade jurídica está perplexa com o show de arbítrio e truculência de Moro, que por sua vez parece embriagado pelo apoio que recebe da mídia e dos setores mais radicalizados da sociedade. Os mesmos que pedem intervenção militar, são os que apoiam Moro incondicionalmente. Ou seja, Moro tem o apoio dos setores golpistas.
Isso tudo, porém, enfraquece Moro, que aliás é um juiz, e portanto não poderia exercer atividade político-partidária, que ele exerce disfarçadamente, travestido de juiz técnico, mas que desde o início da Lava Jato, só permite “vazamentos” que prejudicavam Dilma e o PT.
Por que não se vazou, antes da eleição, que Youssef delatou Aécio Neves, acusando o tucano de receber mesada de US$ 120 mil?
Enfim, parece que o touro do impeachment e do golpe está ficando cansado. O governo, que é o cavaleiro no lombo do touro, vai se segurando.
Falta o governo entender que, empoderando a sociedade, ele mesmo emergirá mais forte.
Um erro fatal do governo seria usar a estabilidade para voltar a cometer os mesmos erros que vem cometendo até aqui, a saber, a falta de diálogo, o silêncio político, a ausência de agenda positiva voltada para o seu próprio campo.

pra coxinha entender só desenhando!

No time de EUA, Rússia, Índia e China – que horror !


De Fernando Brito, no Tijolaço:


Desenhando, para até o pessoal do complexo de vira-latas poder entender



A ilustração que retirei do Facebook da comunidade Planeta Fascinante é daquelas que quase dispensam legenda.

Ainda assim, é só olhar quem são os países que somam território, população e riqueza econômica.

Os cinco que ocupam a área de intersecção dos três conjuntos.

Deveria ser o que bastasse para entender que o Brasil é um país com destino próprio, não o de ser um satélite.

Como para ver onde estão nossas sinergias.

Repare, não disse ideologias.

Disse oportunidades.

Embora assim tão obvio, a elite brasileira não consegue enxergar.

Tem na cabeça que o Brasil deveria ser uma sub-Miami.

A burrice é uma coisa muito difícil de combater, porque prescinde de argumentos e sustenta verdades que ouviu de alguém e as repete.

Quem sabe assim, desenhando?

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Câmara aprova emenda ao projeto de terceirização para todas as atividades

Emenda apresentada por bloco comandado por Eduardo Cunha, presidente da Casa, não acatou pedido do Ministério da Fazenda; Assim que concluída a votação, o texto segue para o Senado


BRASÍLIA — A Câmara aprovou, por 230 votos a 203, a emenda ao projeto que estende a terceirização para atividades-fim nas empresas. O texto agora vai ao Senado, onde pode sofrer alterações.


Veja como votou cada deputado, conforme lista disponível no site da Câmara dos Deputados:














Em tempo: Durante a tarde, Freitas denunciou a proibição para que membros da CUT não entrassem na Câmara.

Assim votaram os partidos:



quarta-feira, 22 de abril de 2015

Globo e PSDB querem entregar o pré-sal


Por Altamiro Borges

Os entreguistas de plantão e a mídia privatista não estão muito preocupados com as denúncias de corrupção na Petrobras. Na esteira de mais este escândalo, que envolve ex-diretores da estatal e poderosas empreiteiras, ambos visam outros objetivos. Um é mais imediato: a sangria do governo Dilma, apesar do seu esforço para apurar todas as irregularidades. Outro é mais estratégico: a entrega das riquezas do petróleo às multinacionais do setor. Este segundo intento ficou ainda mais explícito neste fim semana. Em editorial neste domingo (19), o jornal O Globo defendeu abertamente a abertura do pré-sal para as empresas estrangeiras. Já o tucano Aloysio Nunes Ferreira, o aloprado vice do cambaleante Aécio Neves, pregou o fim do modelo de partilha do petróleo.

Para o jornalão da famiglia Marinho, “o atual modelo para a exploração das novas áreas na camada do pré-sal restringe fortemente a possibilidade de atrair investidores e gerar mais receitas para o país. A situação financeira da Petrobras é um dos maiores obstáculos, porque o modelo exige que a estatal seja operadora única dos futuros blocos a serem explorados e ainda com a obrigação de participar em pelo menos 30% do consórcio vencedor, qualquer que seja... São regras que não combinam com a necessidade de a Petrobras escolher sócios e projetos de acordo com seus interesses”.
Diante deste cenário, O Globo explicita sua proposta entreguista: “Essas regras poderão ser modificadas por iniciativa do Poder Executivo ou do Congresso. O ideal é que as questões técnicas prevaleçam sobre as ideológicas para que vários objetivos simultâneos possam ser atingidos: autonomia operacional da Petrobras, diversificação de investimentos (com consequente transferência de tecnologia), aumento de produção e arrecadação de royalties, ampliação da cadeia produtiva do setor, etc.”. Chevron, Exxon e outras multinacionais do setor devem ter aplaudido o editorial do velho entreguista O Globo.

Entreguista e bajulador de FHC

Elas também devem ter adorado o artigo do senador Aloysio Nunes Ferreira, publicado na Folha desta terça-feira (21). Ele é autor do projeto de lei 417/14, que propõe a extinção do regime de partilha para os contratos de exploração do pré-sal. Sem papa na língua, o ex-motorista do guerrilheiro Carlos Marighela que se converteu num expoente da direita nativa afirma que “a escolha do regime de partilha, estabelecido no governo Lula, trouxe problemas desde o início. No leilão do pré-sal em 2013, apenas 11 empresas se inscreveram. O número ficou abaixo das 40 esperadas pela Agência Nacional de Petróleo. Vale lembrar que as duas gigantes do setor, Exxon e Chevron, desistiram de participar da disputa”.
Além de defender as multinacionais, em detrimento dos interesses nacionais, o tucano também aproveita para bajular o modelo de concessões de FHC. “O modelo – instituído no governo Fernando Henrique Cardoso –, aliado à abertura do capital da empresa, foi o que nos aproximou da autossuficiência... Foi o modelo de concessão que contribuiu para gerar lucro de R$ 62 bilhões na Petrobras durante o governo FHC e que abriu caminho para uma ascensão da empresa nos anos seguintes... A concessão traz mais competição entre as empresas e torna a Petrobras mais eficiente. Além disso, a população não fica refém das vontades de grupos de burocratas. E já está claro: aparelhar uma estatal de acordo com o interesse de certos partidos políticos só gera prejuízos”.

Os inimigos da Petrobras

Os argumentos exibidos pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e pelo jornal O Globo servem apenas para reforçar a investida especulativa das multinacionais contra o petróleo brasileiro. Nos últimos meses, esta ofensiva tornou-se brutal. No final de fevereiro, os abutres da Agência Moody’s rebaixaram a nota da estatal com o nítido objetivo de acelerar a votação do projeto que extingue o regime de partilha. A urubóloga Miriam Leitão e outros “calunistas” deram o maior destaque a desacreditada e corrupta agência estadunidense. Pouco depois, a revista britânica “The Economist”, a bíblia dos neoliberais, publicou um texto apocalíptico, intitulado “O atoleiro do Brasil”, afirmando que os investidores abandonariam a Petrobras em decorrência das denúncias de corrupção.
Na ocasião, o Jornal do Brasil questionou, em editorial, a violenta pressão externa. “Assim como a agência americana Moody's, que rebaixou a nota da Petrobras, a revista The Economist também concedeu a si mesma o papel de juíza do Brasil.. Não é a primeira vez que a Economist dá seus palpites. A mesma publicação havia recomendado em seu editorial de 18 de outubro de 2014 o voto em Aécio Neves (PSDB) quando faltavam menos de dez dias para as eleições presidenciais. Nessa edição, a capa trazia a ilustração de uma mulher estilizada como Carmen Miranda, mas com ar de tédio e com frutas apodrecidas sobre a cabeça. Com o título ‘Por que o Brasil precisa de mudança’, o texto fazia um balanço pessimista dos quatro anos de governo da presidente Dilma Rousseff (PT)”.

TVs GANHARAM R$ 4,5 BILHÕES COM O HORÁRIO ELEITORAL "GRATUITO" !




O Fundo Partidário é absurdo? Absurdo é o horário eleitoral “gratuito”!

Por Fernando Brito

"A hipocrisia da imprensa brasileira é uma piada.

Hoje, atira-se sobre a Presidente a “culpa” pela elevação do Fundo Partidário para R$ 868 milhões em 2015.

Elevação que foi aprovada unanimemente, por todos os partidos.

Se Dilma vetasse, teria de arbitrar – ela, pessoalmente – um valor, por medida provisória, nos termos da Lei Eleitoral.

Isso, é claro, se seu veto não fosse ser derrubado, o que seria de esperar frente ao fato de que o valor não teve uma oposição sequer no Parlamento.

O valor é absurdo?

Atrapalha o ajuste fiscal?

Pode-se resolver, com facilidade.

Basta revogar a mesma Lei, que estabelece que as emissoras de rádio e televisão têm o direito de ser pagas pela veiculação dos “horários gratuitos” de propaganda eleitoral.

É uma fortuna quase igual à do Fundo: R$ 839,5 milhões, só no ano passado.

É mais que os gastos – monstruosos, aliás – das campanhas de Dilma, Aécio e Marina, somados.

Desde 2000, nada menos que R$ 4,5 bilhões transferidos para as empresas de comunicação de mão-beijada, como renúncia fiscal.

E nem mesmo é possível saber quanto cada emissora recebeu, porque a Receita, a Controladoria-Geral da União e o Ministério da Fazenda alegam que isso está protegido pelo “sigilo fiscal“.

Está aí uma boa maneira de praticar a austeridade.

Afinal, o horário eleitoral não custa nada às emissoras, que reprogramam todos os comerciais, sem perder um tostão.

Que tal a sugestão?

Afinal, é dinheiro do mesmo cofre, público.

Não sei o que pode haver de diferente em quantias idênticas, ambas vindas da “viúva”.

Está evidente que o Congresso “compensou” o que sabe ser inevitável: o fim do financiamento privado aos partidos e aos candidatos.

Nem Gilmar Mendes conseguirá evitar."

FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog "Tijolaço"

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Quando Moro trabalhou para o PSDB, ajudou a desviar R$500 milhões da Prefeitura de Maringá

Sergio_Moro08
Nascido em Maringá, no norte do Paraná, o juiz Sérgio Moro é um dos maiores “especialistas” do país na área de lavagem de dinheiro. Formado em direito pela Universidade Estadual de Maringá, seu primeiro serviço foi no escritório do doutor Irivaldo Joaquim de Souza, o maior tributarista de Maringá. Doutor Irivaldo foi advogado de Jairo Gianoto entre 1997 a 2000, ex-prefeito de Maringá pelo PSDB, condenado por gestão fraudulenta.



Via Plantão Brasil, com informações de O Globo

O Tribunal de Justiça do Paraná condenou o ex-prefeito de Maringá em 2010 a devolver cerca de R$500 milhões aos cofres públicos. Segundo informação da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Maringá foram condenados por improbidade administrativa o ex-prefeito Jairo Morais Gianoto, o ex-secretário da Fazenda Luiz Antônio Paolicchi, e dois ex-servidores municipais: Jorge Aparecido Sossai, então contador, e Rosimeire Castelhano Barbosa, ex-tesoureira, entre outros réus.

Segundo o MP, as decisões se referem a duas ações que tratam de desvios de dinheiro do município de Maringá constatados entre 1997 e 2000, num total de R$49.135.218,35 na época do ingresso da ação. O valor atual é atualizado.

De acordo com a sentença o ex-prefeito e o ex-secretário da Fazenda “enriqueceram-se ilicitamente através de atos de improbidade administrativa, tendo colaboração dos réus Jorge e Rosimeire” e o dinheiro público “foi utilizado para aquisição de bens, depósitos em contas bancárias, em benefício a Jairo, Paolicchi ou terceiros”. Cabe recurso à decisão do TJ/PR.

Além de Jairo, Paolicchi, Sossai e Rosimeire, foram condenados nos autos nº 449/2000 a mulher de Gianoto, Neuza Aparecida Duarte Gianoto, o ex-deputado federal José Rodrigues Borba, e os réus Sérgio de Souza Campos, Celso de Souza Campos, Eliane Cristina Carreira, Izaias da Silva Leme, Silvana Aparecida de Souza Campos, Valdenice Ferreira de Souza Leme, Valmir Ferreira Leme, Waldemir Ronaldo Correa, Paulo Cesar Stinghen, Moacir Antônio Dalmolin, a empresa Flórida Importação e Comércio de Veículos Ltda. e o doleiro Alberto Youssef.

A Policia Federal prendeu o ex-prefeito Jairo Gianoto em 2006, por desvio de dinheiro público, formação de quadrilha, e sonegação fiscal, já o advogado tributarista Irivaldo Joaquim de Souza foi preso, e só conseguiu o Habeas Corpus, depois do Juiz Federal Sérgio Fernando Moro, ter testemunhado ao seu favor.





O doleiro Alberto Youssef, “o laranja de Moro”
Entre os investigados “um dos nomes sob investigação, o ex-secretário da Fazenda de Maringá, Luiz Antônio Paolicchi, apontado como pivô do esquema de corrupção”, afirmou, em depoimento à Justiça, que as campanhas de políticos do Paraná, como o governador Jaime Lerner (DEM) e o senador Álvaro Dias (PSDB), foram beneficiadas com dinheiro desviado dos cofres públicos, em operações que teriam sido comandadas pelo ex-prefeito Gianoto através do doleiro Youssef

Álvaro Dias
A campanha em questão foi a de 1998. “A pessoa que coordenava [o comitê de Lerner em Maringá] era o senhor João Carvalho [Pinto, atual chefe do Núcleo Regional da Secretaria Estadual de Agricultura], que sempre vinha ao meu gabinete e pegava recursos, em dinheiro”, afirmou Paolicchi, que não revelou quanto teria destinado à campanha do governador -o qual não saberia diretamente do esquema, segundo ele.

Quanto a Dias, o ex-secretário disse que Gianoto determinou o pagamento, “com recursos da Prefeitura”, do fretamento de um jatinho do doleiro Alberto Youssef, que teria sido usado pelo senador durante a campanha.

“O prefeito [Gianoto] chamou o Alberto Youssef e pediu para deixar um avião à disposição do senador. E depois, quando acabou a campanha, eu até levei um susto quando veio a conta para pagar. […] Eu me lembro que paguei, pelo táxi aéreo, duzentos e tantos mil reais na época”, afirmou.


Sílvio de Barros, a vice Cida Borghetti, o esposo Ricardo Barros e o governador Beto Richa (PSDB).

Por fim…
O advogado Irivaldo Joaquim de Souza, mestre em assuntos tributários no Estado do Paraná, e “mentor” de Moro, continua a advogar para Prefeitura de Maringá em especial para a Família Barros.

Sílvio de Barros 1º contraiu a dívida e Sílvio de Barros 2º “pagou”
A Prefeitura de Maringá saiu vencedora no processo de cobrança de dívidas contraídas pelo município junto à Caixa Econômica Federal entre 1970 e 1980 na gestão de Sílvio de Barros 1º. Em 2011, o prefeito Sílvio de Barros 2º, anunciou a decisão final da Justiça que deixa a dívida alegada de R$380 milhões para cerca de R$68 milhões.

Acompanhado do advogado Irivaldo Joaquim de Souza na época, que defendeu o município no processo, o prefeito Sílvio de Barros na época explicou que a decisão restaura o poder financeiro do município. “As contas da Prefeitura ficam saneadas e com poder de contrair empréstimos para grandes projetos”, disse.

A decisão que favoreceu o advogado e a família Barros, foi dada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitando o último recurso apresentado pela CEF e pela União, leva a dívida alegada de aproximadamente R$380 milhões para cerca de R$68 milhões, valor que representa 10% da receita anual do município.

Família Barros do PSDB
Os irmãos Sílvio e Ricardo Barros são do PP, partido de sustentação do governo de Beto Richa. Ricardo Barros é secretário de Indústria e Comércio do Estado Paraná, chegando a representar, Richa em alguns eventos.

Nas eleições deste ano, Ricardo Barros conseguiu emplacar sua esposa Cida Borghetti, como vice de Beto Richa, em detrimento de Flávio Arns, atual vice.

Segundo o blogueiro Esmael Morais, Sílvio e Ricardo Barros têm cadeiras cativas no governo Beto Richa, e Cida Borguetti, ambos do PSDB.

Sobre Climas e Atmosferas

Os pessoal andam dizeno que o clima hoje se assemelha ao do pré golpe em 64.
.
Estão aí: a idiotice de um povo despolitizado, a canalhice de uma mídia vendida e a safadeza de uma oposição sem projeto, que quer vender tudo barato e depois fixar moradia na Suíça ou num outro Leblon desses.
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Só um aparte, esse clima não se verificou só em 64,é  coisa antiga e parece fazer parte do DNA da nossa política.
.
Desde nossa independência que tudo é feito na base do conchavo e do jeitinho. Em 1822 ficamos independentes de Portugal, mas com o  herdeiro do trono Português no trono do nosso império.
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Também na implantação criminosa e golpista da república se verifica esse modus operandi.
.
A mídia malha, os desnorteados da crasse mérdia repercutem e os militares atendem ao desejo da massa cheirosa e minoritária.
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Quando da implantação da república Dom Pedro II era querido e respeitado, não havia movimentos populares pela república e os problemas da época derivavam mais da cretina e covarde guerra do Paraguai (em que nos metemos pra defender interesses ingleses, com armas compradas dos ingleses, pagas com dinheiro emprestado por eles) e dos  problemas advindos, a raiz de nossa dívida externa, que de incapacidade administrativa.
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Dom Pedro  achava que podia domar os golpistas e fazer concessões pontuais, se deu mal, Floriano  de Deodoro patrocinaram a quartelada mais desastrada de que se tem notícia e o império de um homem honesto e bom caiu sem uma reclamação, fora Antônio Conselheiro e o pessoal de Canudos.
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O único, até hoje, que conseguiu subverter essa ordem perversa foi Getúlio, vendo o clima político se deteriorando, São Paulo se sublevando e a mídia, desde então, e mesmo antes, canalha e  golpista, optou pela decretação do Estado Novo. Assim pode transformar o Brasil conforme sua agenda popular sem se importar com oposição corrupta ou mídia de merda.
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Depois, no suicídio, quando se transformou em herói, frustrou de novo a corja que teve que esperar anos pra tentar um novo golpe.
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Falta-nos um Getúlio???? Ou um Stalin???
Os pessoal andam dizeno que o clima hoje se assemelha ao do pré golpe em 64.
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Estão aí: a idiotice de um povo despolitizado, a canalhice de uma mídia vendida e a safadeza de uma oposição sem projeto, que quer vender tudo barato e depois fixar moradia na Suíça ou num outro Leblon desses.
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Só um aparte, esse clima não se verificou só em 64,é  coisa antiga e parece fazer parte do DNA da nossa política.
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Desde nossa independência que tudo é feito na base do conchavo e do jeitinho. Em 1822 ficamos independentes de Portugal, mas com o  herdeiro do trono Português no trono do nosso império.
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Também na implantação criminosa e golpista da república se verifica esse modus operandi.
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A mídia malha, os desnorteados da crasse mérdia repercutem e os militares atendem ao desejo da massa cheirosa e minoritária.
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Quando da implantação da república Dom Pedro II era querido e respeitado, não havia movimentos populares pela república e os problemas da época derivavam mais da cretina e covarde guerra do Paraguai (em que nos metemos pra defender interesses ingleses, com armas compradas dos ingleses, pagas com dinheiro emprestado por eles) e dos  problemas advindos, a raiz de nossa dívida externa, que de incapacidade administrativa.
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Dom Pedro  achava que podia domar os golpistas e fazer concessões pontuais, se deu mal, Floriano  de Deodoro patrocinaram a quartelada mais desastrada de que se tem notícia e o império de um homem honesto e bom caiu sem uma reclamação, fora Antônio Conselheiro e o pessoal de Canudos.
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O único, até hoje, que conseguiu subverter essa ordem perversa foi Getúlio, vendo o clima político se deteriorando, São Paulo se sublevando e a mídia, desde então, e mesmo antes, canalha e  golpista, optou pela decretação do Estado Novo. Assim pode transformar o Brasil conforme sua agenda popular sem se importar com oposição corrupta ou mídia de merda.
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Depois, no suicídio, quando se transformou em herói, frustrou de novo a corja que teve que esperar anos pra tentar um novo golpe.
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Falta-nos um Getúlio???? Ou um Stalin???

PT, enfim, faz o Grande Jogo

Miguel do Rosário
Financiamento-de-campanha
Sempre que vejo um agente político assumir um risco e fazer uma jogada ousada, lembro do romance Kim, a obra-prima de Rudyard Kipling.
O livro conta a história de um garoto indiano que ingressa no serviço secreto do império britânico, que fazia, na época, uma guerra de espionagem contra o império russo, também interessado nas riquezas da Índia.
Essa guerra de espionagem ficou conhecida como o “Great Game”, o Grande Jogo.
O PT, nesta sexta-feira, fez um movimento ousado no tabuleiro político. Uma ação digna deste Grande Jogo político, que terá dois rounds: 2016 e 2018.
Em 2016, será difícil o PT evitar um declínio, mas se conseguir reduzir os danos, já está de bom tamanho. O desafio será reconstruir a imagem do partido para 2018. Um desafio e tanto, que passará inclusive pelo enfrentamento das conspirações judiciais que a direita já desencadeou contra o partido.
Nessa guerra pela imagem, a decisão do PT de não mais receber doações empresariais representará um divisor de águas.
A partir de agora, as estratégias de campanha terão de se voltar mais para o trabalho de base, do que para campanhas milionárias de publicidade.
As campanhas terão de ser mais políticas e menos marketeiras.
Com essa decisão, o PT, o maior partido brasileiro, com mais filiados, mais deputados, o que mais ganhou eleições presidenciais consecutivas, faz a roda da história girar mais rápido.
Houve gente que achou que o partido se precipitou, que foi ingênuo, que enfrentará uma concorrência desleal contra partidos que continuarão a receber financiamento empresarial.
Talvez.
É um movimento arriscado, daqueles em que você entrega um cavalo para comer uma torre daqui a algumas jogadas.
Mas só o fato do partido assumir riscos, o que requer coragem, já representa um alento enorme para os 54 milhões de eleitores que votaram na candidata do PT no ano passado.
O que o PT perderá em recursos financeiros, poderá ganhar em prestígio, votos e ética.
O PT, enfim, resolveu jogar.
*
PT abre mão de financiamento empresarial
Decisão deverá ser referendada no Congresso Nacional do partido, em junho
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, declarou que o partido não receberá financiamento empresarial em suas campanhas políticas. A partir de agora, o financiamento acontecerá exclusivamente por meio de doações de pessoas físicas.
A afirmação foi dada em entrevista coletiva, nesta sexta-feira (17), após reunião do Diretório Nacional, em São Paulo. A decisão será submetida a referendo durante o 5º Congresso Nacional do PT, previsto para acontecer em junho, em Salvador (BA).
Segundo ele, o partido elabora um mecanismo transparente para receber as doações da sociedade. O objetivo é criar uma ferramenta eletrônica onde o cidadão possa colaborar financeiramente com o PT. Os valores das contribuições deverão variar entre R$ 15 e R$ 1 mil.
Essa experiência já foi realizada durante a última campanha, segundo a Secretária de Coordenações Regionais , Vívian Farias, quando a Juventude do PT fez um ensaio e o modelo foi aprovado.
“Parte do que foi arrecadado foi gasto exclusivamente para a campanha”, explicou.
Apesar dos membros da Executiva aprovarem o modelo, o projeto precisa ser aprovado durante o 5 Congresso Nacional do PT, que acontecerá entre o dias 11 e 14 de junho, em Salvador.
De acordo com o presidente do PT, Rui Falcao, os diretórios nacional, estaduais e municipais não receberão mais as doações.
“A decisão é um gesto do partido para lutar pela mudança na lei de doações”, disse Falcão.
Por Michelle Chiappa da Agência PT de Noticias.

Um macaco teria erguido um império nas condições dadas a Roberto Marinho pela ditadura em troca de apoio político

O Brasil era um oásis no JN na era dos militares
O Brasil era um oásis no JN na era dos militares
De tanto tratar os brasileiros como idiotas, a Globo parece que passou realmente a acreditar que somos todos imbecis.
É o que sugere um editorial a propósito da liberdade de expressão.
Nele, os Marinhos atacam, furiosamente, a regulação da mídia. E se colocam na posição de campeões do “jornalismo independente, que não vive de verbas oficiais”.
Pausa para gargalhar, e um segundo a mais para lembrar Wellington: quem acredita naquilo acredita em tudo.
Cada tijolo da Globo é, de alguma forma, produto de verbas oficiais – e mais incontáveis mamatas e privilégios que a empresa ganhou na ditadura militar e preservou intactos, numa aberração, nestes anos todos de democracia restabelecida.
Um macaco teria erguido um império nas condições dadas a Roberto Marinho pela ditadura em troca de apoio político.
Financiamentos diversos, publicidade copiosa dia após dia, complacência na cobrança de impostos – em suma, foi um empreendimento que é o oposto do que prega o capitalismo real. Não havia risco. Estava tudo garantido.
Roberto Marinho recebeu muito da ditadura e deu muito a ela. É expressivo o depoimento do general presidente Médici, em 1972: “Sinto-me feliz todas as noites quando assisto TV porque no noticiário da Globo o mundo está um caos, mas o Brasil está em paz… É como tomar um calmante após um dia de trabalho …” (Este Brasil paradisíaco subitamente renasceria, agora, caso Aécio tivesse vencido.)
As facilidades acabariam vindo de todos os lados.
No Conversa Afiada, Paulo Henrique Amorim lembra, hoje, como foi construído o Projac, o monumental estúdio da Globo.
Como em tudo, dinheiro público – e não as reservas formidáveis da família Marinho.
Num perfil sobre Roberto Marinho, o acadêmico Gabriel Collares Barbosa, da UFRJ, fala com minúcias do Projac.
“Outro fato que merece registro se refere a construção do Projac. Com 1.300.00 m², o Projac, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, é o maior centro de produção da América Latina e foi projetado para abrigar superestúdios, módulos de produção e galpões de acervo.
Ao todo são quatro estúdios, de 1000m² cada, fábrica de cenários, figurinos, cidades cenográficas, centro de pós-produção e administração.
O que não é dito à população é que o Projac foi construído em uma área reservada pelo governo do Rio de Janeiro para a construção de casas populares.
Roberto Marinho humildemente solicitou à prefeitura uma autorização para construir sua “casinha” popular. Com a autorização em mãos, Roberto Marinho indevidamente começou a construção do Projac utilizando recursos levantados em empréstimos com a Caixa Econômica Federal para pagamento em dez anos.
Podemos especular que a quitação do débito foi pago com propaganda da CEF na Rede Globo.”
Uma ação popular exigindo a devolução desse dinheiro foi impetrada na justiça pois a Caixa Econômica é acusada de ter feito uma operação fora da rotina, com juros abaixo do mercado. O valor desse empréstimo atualizado com juros e correção monetária chega hoje a 37 milhões de dólares.”
A maneira como a Globo se serviu de bancos públicos foi imortalizada, em 1983, pelo Pasquim.
O Pasquim noticiou dois empréstimos a juros maternos que a Globo conseguiu com o Banerj, o Banco do Estado do Rio.
O Pasquim mostrou que a Globo ganharia um dinheiro considerável caso simplesmente pegasse o dinheiro dos empréstimos e o aplicasse no próprio Banerj.
Roberto Marinho foi chamado, pelo Pasquim, de “o maior assaltante de bancos do Brasil”.
“Nenhuma outra quadrilha, inclusive movimentos terroristas, lucrou tanto no negócio de assaltos a bancos como a quadrilha da Rede Globo”, escreveu o Pasquim.
O diretor superintendente do Banerj, Miguel Pires Gonçalves, acabaria depois virando superintendente da Globo. (Filho de um general da ditadura, Gonçalves acabaria por ser peça chave na manipulação do debate entre Collor e Lula na Globo, em 1989.)
Pois é esta Globo que, num editorial, desce à infâmia e se proclama símbolo do “jornalismo sem verbas oficiais”.
Talvez a Globo considere que os 500 milhões de reais anuais que vem recebendo há tempos das estatais federais – mesmo com uma brutal queda da audiência — sejam pouca coisa.
Ou, então, o que é mais provável, ache que somos todos estúpidos para cair na lorota cínica de que é uma empresa que ficaria de pé sem as mil-e-uma incursões ao dinheiro público.

Governo Alckmin paga R$ 70 mil por mês para ex-assessor de Soninha atacar o PT nas redes sociais

Já fui alvo desse verme, que recebe 70 mil reais POR MÊS do governo Alckmin para atacar os inimigos do PSDB. Aumento pra professor não dá, né? Mas pagar 70 MIL REAIS por mês para um lixo humano desses ficar trollando, aí dá. Leia a denúncia abaixo e em seguida um texto de Kiko Nogueira que traça o perfil do canalha.

Governo de São Paulo banca blogueiro anti-PT

Picareta implicante: o mercenário do blog tucano terá de se explicar aos otários que acreditaram nele
O verme recebe 70 mil
por mês do nosso dinheiro

Fernando Gouveia, o homem que recebe 70 mil reais por mês do governo Alckmin para detonar o PT e fazer propaganda tucana num site, é um caso de parasitagem antiga na internet.

Gouveia está tentando se explicar para os otários que acreditaram — ou fingiram acreditar — nas papagaiadas que publicou no blog Implicante. Um deles aparece no Facebook com uma saudação. “Parabéns pela parasitagem e cara de pau”. Outro pede um frila.

Gouveia, que se esconde há anos sob o pseudônimo idiota Gravataí Merengue, que deve achar genial, está há muito tempo exercendo sua especialidade: enxovalhar reputações na net. O alvo depende da grana.

Sua explicação longa e confusa para seu desmascaramento, em resumo, é a seguinte: “Eu não sou contratado, ponto.” Mais para a frente: “Precisam atacar uma contratação”. Como assim? No meio do caminho, aquele papo furado sobre tentar calar “opiniões nas redes sociais, especialmente contra o PT”.

E a mentira de que não se identifica como CEO no Implicante. Sim, se identifica como — veja que divertido — “CEO, CFO, Capitão de Fragata, Diretor Jurídico, Diretor de RH, Diretor Musical e filho do dono do Implicante. No Twitter, @gravz.”

Fernando se esconde por trás do tal Gravataí. Sempre esteve colado nas sombras do poder público. Entre abril de 2001 e julho de 2003, foi assessor jurídico da prefeitura de São Paulo, durante a gestão de Marta Suplicy.

De 2005 a 2008, foi chefe de gabinete da corajosa, coerente e independente Soninha Francine. Em 2006, chegou a montar um blog chamado Gerente Chuchu, atualmente desativado, em que criticava Alckmin.

Depois de um bate boca de Gravataí Gouveia, Soninha descreveu o assessor: “Argumentador compulsivo, polemista incansável, sarcástico, muito inteligente, muito bem informado, com um estilo ácido que resvala na violência. Acidez (ou violência) que as pessoas normalmente apreciam muito, quando é voltada para o ‘inimigo’”.

Uma graça, o rapaz.

No papel de Gravz, o publicitário virou uma referência reaça no Twitter, sempre atento a denunciar aquele pacote que você já conhece. “Quando blogueiro oficial do governo diz que os querem ‘calar’ por contar a verba pública, fica claro o MOTIVO pelo qual ‘falam’”, escreveu no Twitter. Também ironizou os supostos “caraminguás” do personagem Dilma Bolada.

Um picareta pseudoneoliberal mamando no que chamou de Gerente Chuchu para poder produzir lixo consumido por mentecaptos. O negócio agora vai ser Gravataí Manguaça explicar para seus cúmplices nos sites o que fazia com tanto dinheiro — no mínimo, terá de dizer por que não dividiu o butim com eles para que pudessem apoiar com mais rigor e sinceridade a livre iniciativa, o estado mínimo e o PSDB.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Lava Jato e Zelotes, dois pesos, duas medidas

O procurador Frederico Paiva. / DIVULGAÇÃO
O procurador Frederico Paiva. / DIVULGAÇÃO


A Operação Zelotes lida com uma corrupção dezenas de vezes maior que a Lava Jato.
As propinas da Zelotes não eram comissões pagas a deputados e servidores por empreiteiras, e que, segundo Paulo Roberto Costa, saíam do lucro das empresas.
As propinas da Zelotes constituem desvio direto de recursos fiscais que deveriam ser pagos ao erário, para financiar a saúde, a educação e as obras de infra-estrutura do país.
Não existe corrupção melhor que outra, mas algumas são mais direta e imediatamente lesivas.
É o caso da Zelotes.
As empresas da Zelotes não construíram um aeroporto, uma usina, uma plataforma de petróleo.
Na Lava Jato, vemos um festival de prisões temporárias, que se estendem por meses à fio.
Na Zelotes nenhum juiz aprova prisão temporária por tempo indeterminado.
Na Zelotes, o judiciário não permite prender nem por um dia. Todos os pedidos do procurador estão sendo negados.
Pior que isso, a operação está sendo atrapalhada pela ausência de uma estrutura adequada aos procuradores responsáveis pela investigação.
O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, criou uma força tarefa.
Diferentemente da Lava Jato, todavia, não permitiu que os procuradores se dediquem com exclusividade à operação.
A mídia, misteriosamente, tenta abafar a Zelotes a todo custo.
Não foi criado apelidinho. Não há infográficos. Não há especiais no Fantástico. Não tem 20 minutos no Jornal Nacional. Não há manchetes.
O foco tem de ser o “petrolão”, onde a imprensa domina a narrativa através de uma seletividade incrível: quando Youssef denuncia o PT, manchetes garrafais; quando o mesmo doleiro e outros delatores denunciam Aécio Neves e o PSDB, pé de página e longas explicações dos acusados.
Com a Zelotes, onde a RBS, afiliada da Globo, está afundada até o pescoço, a mídia se cala.
Aliás, o procurador da Zelotes, Frederico Paiva, falou que outras empresas deverão virar alvo de investigação.
Alguém podia mandar para Paiva o processo de sonegação da Globo?
*
Operação Zelotes esbarra em falta de equipe e apoio do Judiciário
No El Pais Brasil.
Juiz indeferiu todos os pedidos de prisão temporária feitos pelo Ministério Público Federal
Nas últimas semanas, o procurador Frederico Paiva, 37, tem dormido pouco e trabalhado muito. Até esta semana, ele era o único representante do Ministério Público Federal no Distrito Federal, encarregado da operação Zelotes, que investiga um esquema de corrupção na Receita Federal que pode ter dado prejuízos de 19 bilhões de reais aos cofres públicos – valor superior ao do mensalão e ao apurado na Lava Jato até o momento. Um procurador para analisar milhares de contratos, agendas e depoimentos. “A peça fundamental na investigação é o Judiciário”, diz Paiva. “O tamanho da equipe depende dele”.
Segundo investigações preliminares, companhias multadas pela Receita recorriam a empresas de fachada da área de contabilidade e advocacia, que faziam a ponte com integrantes corruptos do Conselho Administativo de Rescursos Fiscais (Carf). A entidade é uma espécie de tribunal que avalia recursos de multas. O objetivo era anular os débitos ou atenuar o valor a ser pago, e as beneficiadas seriam grandes empresas como o Bradesco, a Petrobras e o Partido Progressista, de acordo com informações do Estado de S. Paulo.
Na terça-feira (7) o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, anunciou a criação de uma força-tarefa do MPF para investigar o caso. Mas nenhum dos três procuradores designados para ajudar Paiva trabalhará exclusivamente no assunto. Eles continuarão lidando com suas atribuições normais – diferentemente do que ocorre com a força-tarefa da Lava Jato. “Temos um volume imenso de material para analisar, e ainda haverá outras fases da operação. Um procurador sozinho não tem condições de processar todo o material”, afirma Paiva.
Mas o tamanho da equipe não é o único obstáculo enfrentado por ele. “Pedidos de prisão temporária foram feitos por nós e não foram acatados. No total foram 16 pedidos, [que abrangiam] o núcleo da suposta quadrilha. E nenhum foi deferido pelo juiz, apesar da nossa argumentação”, diz o procurador. Na lista de pessoas que seriam detidos estão conselheiros e ex-conselheiros do Carf e funcionários das empresas de contabilidade e consultoria. Segundo ele, essa medida era fundamental para que os investigados fossem ouvidos ao mesmo tempo e não combinassem respostas. “Na lei há previsão para isso, mas se você não consegue fazer uso da detenção temporária, há um prejuízo para a investigação. E em prol de alguém contra quem pesam fortíssimos indícios de crime”, afirma.
O procurador cita a atuação do juiz Sérgio Moro, que está à frente da Lava Jato em Curitiba, como exemplo. “A atuação do Moro tem sido brilhante. De maneira técnica, ele está ajudando a revelar o que foi feito na Petrobras”, afirma Paiva. O juiz é considerado pelos advogados dos investigados como sendo “duro” por negar pedidos de habeas corpus. “Espero que outras operações tenham esse sucesso. Mas não é possível esquecer que estamos em Brasília, não em Curitiba”, lamenta. Paiva defende que na operação Zelotes a “balança do direito pese em favor da sociedade, que clama por uma punição efetiva”.
Paiva corre contra o tempo para apresentar as primeiras denúncias ainda em julho. “Vamos nos concentrar em analisar o material que já temos, e nos indícios mais fortes”, afirma. “Mas depois vamos analisar com mais profundidade o caso de algumas pessoas que ficaram de fora desta primeira etapa”. Assim como a Lava Jato, a Zelotes será dividida em várias fases, e é possível que empresas que não forem citadas entrem no foco da operação, e algumas saiam durante a investigação.
“Já havia trabalhado com sonegação fiscal, mas nunca em um caso desta magnitude”, diz Paiva. Para ele, uma parcela da população acaba sendo protegida por um sistema que não consegue atingir com a mesma intensidade “a baixa e a alta criminalidade”. “No sistema judiciário brasileiro, o crime prescreve antes de ser julgado”.
No total, entre conselheiros e ex-conselheiros, cerca de 10 pessoas ligadas ao Carf são investigadas por participação no esquema. Entre as empresas de consultoria fiscal, são 14 pessoas suspeitas de envolvimento. Cerca de 70 processos julgados pela entidade estão sob suspeita, envolvendo dezenas de empresas. Os casos investigados se estendem de 2005 a 2014.

Classe média que grita ‘fora, Dilma’ ainda vai gritar ‘veta, Dilma’

Público dos atos contra o governo e a ficha de seus frequentadores começam a cair. Alguns se darão conta de que projeto da terceirização ameaça até seus sonhos com bom salário e carreira promissora
por Helena Sthephanowitz publicado 
Marcia Minillo/RBA
Terceirização
Manifestante que foi à Avenida Paulista neste domingo expõe decepção com votação do PL 4.330
O instituto Datafolha divulgou na noite de ontem (12) que o número de pessoas que participaram da manifestação na Avenida Paulista chegou a 100 mil, menos da metade do público de 15 de março. Ainda de acordo com a pesquisa, nos 24 Estados e o Distrito Federal, os protestos teriam reunido “590 mil pelo país”. As manifestações anti-Dilma têm como característica serem mobilizadas mais como uma ação de marketing nas redes sociais, que quer porque quer vender um produto, do que de consciência política ou identidade com um projeto. Protesto incentivado por grupos privados, que se interessam pela desestabilização do governo.
A promoção dos eventos nas redes sociais tem por trás, em geral, empresários e profissionais de propaganda, de vendas e de internet que migraram o modelo de empresas startups (novas empresas com pretensão de crescimento rápido) para a criação de ONGs com a missão de arregimentar manifestantes para derrubar o governo eleito substituí-lo por outro que seja dócil às elites e anti-trabalhista. Portanto, com “fins lucrativos”.
Saem os partidos de oposição que fracassaram nas urnas, entram as startups de marketing político viral. Com um produto duvidoso, a convocação precisou de uma embalagem sedutora: “Contra a corrupção”. Muita gente viu a embalagem e “comprou” para experimentar, indo ao protesto de 15 de março e não voltou no 12 de abril, depois de ter conhecido o produto.
Até mesmo gente de classe média que foi protestar descobriu que, enquanto batia panelas, ingenuamente, a serviço de banqueiros e empresários bilionários interessados na captura do poder, a bancada de deputados federais dava-lhe uma facada nas costas. Sim, a bancada conservadora, que nas últimas eleições graças ao eleitorado seduzido pela embalagem do conservadorismo, votou em poucas semanas de legislatura o projeto de lei da terceirização ilimitada (PL 4.330). A pauta tramitava há mais de uma década no Congresso, mas a bancada empresarial não havia ainda encontrado condições favoráveis para votá-la.
Essa classe média sabe, por experiência própria – pois o uso indevido de mão de obra terceirizada não é novidade por aqui e vinha sendo cada vez mais condenado na Justiça – que esse projeto, se passar como está, tem tudo para detonar o emprego e o salário de quem trabalha em grandes empresas. E também o sonho de muitas pessoas de classe média: passar num concurso público ou empregar-se em uma grande empresa, para ter um bom salário e uma carreira profissional estável e promissora. Com a terceirização ilimitada, adeus carreira, adeus bons salários, adeus direitos e benefícios. Mesmo os concursos em empresas estatais mistas podem ir para o vinagre se um governo for do tipo “choque de gestão” tucano, pois também poderão contratar toda a mão de obra terceirizada.
Paradoxalmente, quem defende os direitos trabalhistas, inclusive da classe média, é justamente o principal alvo dos protestos: a presidente Dilma Rousseff, a quem caberá vetar perdas de direitos, e seu partido. O PT, o PCdoB e o Psol foram os únicos partidos que votaram contra a terceirização ilimitada.
Outro fator para o esvaziamento dessas manifestações é que ninguém quer fazer papel de bobo para ser burro de carga, carregando faixas e cartazes contra a corrupção, a serviço de movimentos patrocinados por banqueiros e bilionários, alguns deles possivelmente metidos em escândalos de corrupção e sonegação, que sabe com contas na Suíça ou enrolados na operação Zelotes, da Polícia Federal.
Além disso, que protesto anti-corrupção é esse que não cobra o julgamento do mensalão tucano em Minas Gerais, a investigação do trensalão em São Paulo, das denúncias de sonegação contra grandes empresários, bancos, multinacionais e até a Globo, não menciona a taxação de grandes fortunas nem o fim do financiamento privado?
A não ser as “viúvas” da ditadura e dos governos tucanos, quem vai percebendo o que está por trás dessas manifestações não volta. E quem não foi já dispõe de informação para não se deixar levar pela embalagem do protestos convocados pelas startups. É até provável que muita gente de boa-fé, que realmente busque mais direitos, encontre sua turma em outros protestos, em movimentos mais autênticos, com pautas de reivindicações claras, objetivas e coerentes – diferentemente dessas que escondem seus verdadeiros patrocinadores e o que querem de fato.
Esse modelo de manifestação política patrocinada por empresários e políticos que agem nas sombras já vem sendo tentado e aprimorado desde o movimento Cansei. Escaldados com a reação de boicote a suas marcas, grandes empresas não querem mais se expor. No Piauí, rede de lojas de departamentos Claudino – uma das maiores do Nordeste e quinta maior compradora de produtos Philips do país – mandou suspender encomendas depois de o presidente da multinacional, Paulo Zottolo, ter dito que “se o Piauí deixasse de existir ninguém ficaria chateado”. O próprio Zottolo acabou ficando chateado com o prejuízo que tomaria. Acabou pedindo desculpas.
Daí as ONGs startups passaram a vir a calhar, podendo ser patrocinadas nos bastidores por empresários, inclusive estrangeiros com interesses no Brasil, sem expor suas marcas a desgastes políticos. Com pouca militância espontânea, desde as eleições de 2008 partidos como o DEM e o PSDB também passaram a contratar empresas de tecnologia para fazer suas campanhas virtuais. A campanha presidencial de José Serra (PSDB-SP) em 2010 chegou a trazer um guru indiano radicado nos Estados Unidos, especialista em explorar os caminhos da internet.
Passava a campanha eleitoral, os serviços eram desmobilizados. A partir de 2012 começaram as tentativas de mobilização em protestos “contra a corrupção”, inspirados nas revoltas ocorridas em países árabes e do leste europeus. Lá também foi aplicada a tecnologia de ONGs patrocinadas por empresas estrangeiras operando nas redes sociais. A diferença é que muitos daqueles países viviam em ditadura há décadas, ampliando a insatisfação popular.
No Brasil, vivemos em plena democracia, com eleições livres de quatro em quatro anos. O direito de escolher seu governante pelo voto nenhum brasileiro quer perder – muitos dos manifestantes do domingo reclamam uma tal alternância de poder, desde que não seja no estado de São Paulo. O que o país precisa é ampliar os canais de participação popular nas decisões, portanto mais democracia, e de uma reforma política e eleitoral que reduza a influência do poder econômico nas eleições, de modo que a maioria dos cidadãos passe a ser mais bem representada e menos subordinada a quem tem mais dinheiro para controlar quem legisla.

A fonte do veneno antiprogresso

O processo de lavagem cerebral por que passa o Brasil, ressuscitando, na figura do Partido dos Trabalhadores, o velho e ultrapassado ódio aos comunistas, vem de longe, desde que a agremiação se tornou a mais expressiva força da esquerda brasileira e aquela com maior engajamento popular.

A oligarquia do país nunca suportou qualquer tentativa de perder o protagonismo político.

Sempre esteve no poder, sempre usufruiu, direta ou indiretamente, das regalias que só os poderosos têm.

Em toda a história do Brasil, mandou e desmandou.

Impôs um aviltante e cruel sistema de castas, a Casa Grande e a Senzala, os ricos e os pobres, os brancos e os negros, os sulistas e os nordestinos.

De tempo em tempo, fazia mínimas concessões as despossuídos, mas nada que pudesse contestar a sua supremacia.

Getúlio e Jango que o digam.

E o PT, que passou a ser fustigado com um vigor redobrado assim que Lula assumiu a presidência e tornou possível que os miseráveis ficassem apenas pobres e os pobres ascendessem à classe média - e o país desse alguns poucos passos em direção a uma sociedade mais justa e igualitária.

É um jogo pesadíssimo, que envolve atores profissionais, experts com larga experiência em propaganda e contrapropaganda, na repaginação do velho e conhecido "agitprop", e muito, mas muito dinheiro.

Não é apenas o poder político que está em jogo, porém. 

Há interesses econômicos por trás de toda essa onda golpista.

O mais evidente são os bilhões de dólares que a camada de pré-sal do petróleo esconde.

Outros começam a surgir neste momento, como a precarização das relações trabalhistas, algo que renderá outros bilhões para a oligarquia.

Para essas pessoas, a democracia é apenas um conceito que deve ser manipulado a seu bel-prazer.

A verdadeira democracia, essa que a Constituição de 88 pretendia forjar, é execrada por eles.

As recentes manifestações, ínfimas ainda, pedindo socorro aos militares para livrar o país dos "petralhas", expressam o desejo desses oligarcas, que se utilizam, para atingir seus fins, de analfabetos políticos e cívicos como bucha de canhão, bois de piranha.

Por serem "midiotas" - termo que expressa bem a sua formação intelectual -, dependem exclusivamente dos meios de comunicação, todos devidamente aparelhados, para receber as palavras de ordem sobre o que fazer, como agir e sobre quem investir.

Numa guerra convencional, quando um exército alonga demais as suas linhas de abastecimento, ele se torna um alvo fácil para o inimigo - que pode cortá-las e assim, minar o oxigênio das tropas, que ficam isoladas.

Para deter essa torrente de ódio que se alastra pelo país, com o intuito de derrubar um governo legítimo, é preciso uma combinação de ações.

Mas a principal é secar a fonte do veneno, que abastece diariamente, a cada segundo, as tropas reacionárias que desejam que o Brasil interrompa este ciclo progressista.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Se gastamos mais em educação que os países “civilizados”, porque caminhamos para a barbárie?

Autor: Fernando Brito
educ
Hoje, discretamente, a Folha publica números sobre os gastos em educação no Brasil, em matéria de autoria de Gustavo Patú.
Debaixo de um títulos daquele modelo “esconde o bom e destaca o ruim” – “Gasto público em ensino atinge 6,6% do PIB, mas crise ameaça expansão” a informação, da qual a gente já tratou aqui, mas que vai surpreender muita gente:
“Após oito anos de expansão contínua, os gastos públicos brasileiros em educação atingiram uma proporção da renda nacional elevada para padrões mundiais.”
Há varias -e justas – ressalvas. A maior delas, também já comentada por este Tijolaço é que, sendo um país pobre, em valores absolutos esta parcela maior em percentagem acaba sendo menor em dinheiro. Mas é assim em tudo e temos de enfrentar, nesta área, muitas situações da “casa onde falta o pão”, em que todo mundo briga e ninguém tem razão. Ou, neste caso, todos a têm.
Existem muitos fatores trabalhando pela perda de nossa capacidade de aprendizado e – o que é paralelo – de convívio.
Ela não de dá fora dos dois outros dois “moldes” que conformam a sociedade: o “mercado” e as relação com os fatos sociais que, num quadro de massa assumido hoje pela coletividade, se dá essencialmente pelos meios de comunicação.
E ambos, no Brasil de hoje, trabalham pela brutalidade.
Dizer que o indivíduo se move pela percepção de valor que algo tem não é uma interpretação capitalista da natureza humana, a menos que se queira reduzir – o que nem o capitalismo conseguiu -a ideia de valor ao material ou monetário.
A escola foi reduzida, na compreensão de boa parte da sociedade, a algo próximo de um “fornecedor de educação” diante do qual, é claro, constrói-se então a relação de pais – e seus filhos, os alunos – a de consumidores que pagam – em mensalidades ou ou em impostos – e t~em o direito de serem tratados como “clientes”. Aliás, não é raro referirem-se, mesmo entre educadores, ao conjunto de alunos como “clientela”.
Perguntem a um professor de ensino médio que não seja dos mais “jeitosos” como é relacionar-se com uma turma.
E não é natural que isso aconteça? Afinal, se espera da escola que forneça – acima de tudo – requisitos para a ocupação hierárquica de postos no mercado, do diploma à habilidade de ser bem sucedido em seleções, concursos, etc…
Há uma estranha tradução deste pensamento – talvez involuntária – numa famosa música do Titãs:
Só quero saber/Do que pode dar certo/Não tenho tempo a perder
Todos os dias, há muitos anos, impinge-se- a ideia do sucesso pessoal, do egoísmo e da perda de identidade coletiva.
A organização da sociedade depende apenas da força, do poder e do dinheiro, tudo junto e misturado.
A própria “cultura” – num senso estritíssimo, reduzida à arte e ao espetáculo – é apenas uma forma de ganhar dinheiro e notoriedade.
Não haverá “pátria educadora” apenas com o necessário aumento dos recursos destinados às escolas e universidades, se cursá-las tem apenas um sentido comercial.
Não haverá pátria educadora e só habitaremos um país de selvagens, cada vez mais, enquanto a relação de comunicação – e de criação e projeção de valor – exercida pela mídia for um emburrecedor coletivo.

O BRASIL MUDOU. A MÍDIA NÃO!




O Brasil mudou, a mídia não!

Por Miguel do Rosário


"A gente que analisa o dia a dia da política brasileira, num viés progressista, às vezes fica muito preocupado com os rumos que as coisas parecem tomar.

Assistir a um monte de idiotas tomarem as ruas pedindo intervenção militar, em pleno 2015, é dose, por exemplo.

Assistir à mídia, em pleno 2015, mergulhar numa histeria udenista ainda mais forte do que aconteceu em 1964, manipulando como se não houvesse amanhã, é outra coisa que nos angustia.

Entretanto, há um fator político que deveria nos tranquilizar. Nasceu uma massa crítica no Brasil. O artigo que reproduzo abaixo, da professora Ângela Carrato, da Universidade Federal de Minas Gerais, é a prova disso.

As manipulações midiáticas fazem enorme estrago no debate político, mas a quantidade de pessoas tomando a pílula vermelha e pulando fora da matrix é algo que também deveria ser motivo de orgulho.

E isso acontece sobretudo nos meios mais críticos e mais inteligentes, nas universidades. O discursinho de "Globo" e "Veja" não cola mais nesses ambientes.

Jornalistas dos grandes meios não podem mais botar os pés nos meios acadêmicos sem serem amplamente vaiados pelos estudantes e, em silêncio, também pelos professores.

Aliás, por isso a mídia quer voltar ao poder, para se vingar das universidades públicas, matando-as com falta de verbas.

Ou alguém acredita que a mídia, quando governar o país através de seus fantoches tucanos, vai deixar que a universidade brasileira continue produzindo massa crítica e análises contrárias a seus interesses?

Leiam o artigo abaixo, por favor!

O GOLPE (1964-2015)

O Brasil mudou. A mídia, não

Por Ângela Carrato, do Observatorio da Imprensa.

"Em recente evento cultural em Belo Horizonte, o fotógrafo Sebastião Salgado fez algumas afirmações que não repercutiram na mídia. De acordo com ele, uma das grandes mudanças, senão a maior, na cena brasileira, diz respeito ao fato de “o governo federal não ser mais comandado por pessoas ligadas aos monopólios de comunicação”. Esse é, inclusive, o motivo pelo qual, a seu ver, tantas denúncias de corrupção estão vindo à tona, enquanto no passado foram ignoradas ou abafadas. Ao contrário da maior parte da mídia brasileira, que diuturnamente tem previsto o caos, ele avalia que “o Brasil já é um grande país e está cada vez mais sério”.

Salgado não é nenhum ingênuo ou pessoa sobre a qual possam pesar suspeitas de interesses menores. Por isso, não deixa de ser curioso observar a disparidade entre sua visão (e a de dezenas de especialistas nacionais e internacionais) e a que prevalece na mídia brasileira. Disparidade que leva qualquer um, com informação e independência, a constatar que a mídia não viu (ou não quer ver?) que o Brasil realmente mudou.

Se não fosse a referência aos governos petistas, o editorial “Momento de se reaproximar dos Estados Unidos”, publicado pelo jornal "O Globo" na edição do domingo (29/03) poderia ser confundido com tantos outros de cinco décadas atrás, às vésperas do golpe civil-militar de 1964. Naquela época, os mais influentes jornais brasileiros atendiam pelos nomes de "Diários Associados", "Jornal do Brasil", "Correio da Manhã", "Tribuna da Imprensa", "Diário Carioca" e "Última Hora". "O Globo" era uma publicação acanhada, de propriedade da família Marinho que, até 1962, havia sido vespertina. A televisão vivia a sua fase elitista, com o aparelho sendo considerado um luxo ao qual apenas a elite econômica tinha acesso e o rádio era a mídia de massa.

À exceção de "Última Hora" e da "Rádio Nacional", praticamente todos os demais estavam ou ficaram contra o presidente João Goulart. As denúncias de que ele pretendia implantar uma “república sindicalista” eram permanentes. Os “barões” da mídia, adversários das “reformas de base” propostas pelo governo, queriam ver Jango pelas costas e não mediam esforços para alcançar seus objetivos. Os ataques mais contundentes partiam de Assis Chateaubriand, o primeiro magnata do setor no país, e de Carlos Lacerda. Roberto Marinho, mesmo longe do peso que viria a adquirir no futuro, foi fundamental na desestabilização e derrubada de Jango, ao franquear os microfones da sua "Rádio Globo" para os ataques golpistas e destemperados de Lacerda.

O “bruto pigmeu”

Em fins de março de 1964, enquanto as demais publicações registravam as tentativas de articulação de Jango contra a conspiração em marcha, os "Diários Associados", de Chateaubriand, radicalizavam o noticiário, contribuindo para a tomada de posição dos setores civis e militares favoráveis ao golpe. Chateaubriand, em artigo de 26 de março, por exemplo, referia-se a Jango como sendo “o bruto pigmeu”, dado ao “seu ódio contra o benemérito capital estrangeiro”. Além de afirmar que Jango e seu governo trabalhavam de acordo com as ordens do Partido Comunista, exaltava a necessidade de uma intervenção por parte dos “setores de bom senso”. Leia-se: militares e aliados.

Vivia-se, naquela época, o auge da Guerra Fria, com o mundo dividido entre as áreas de influência dos Estados Unidos e as da União Soviética. A vitória de Fidel Castro em Cuba e sua aliança com uma potência comunista foi considerada intolerável pelos Estados Unidos, que reagiram à sua maneira. A política externa norte-americana passa a atuar em dois movimentos estratégicos simultâneos. Um, visível, através da "Aliança para o Progresso", cujo objetivo era demonstrar a superioridade do modelo norte-americano de livre iniciativa, democracia liberal e individualismo sobre o socialismo, como a solução mais eficiente para o subdesenvolvimento da região. O outro, encoberto, através do apoio a ditaduras de direita, repressoras e violentas, como instrumentos de eliminação de movimentos de esquerda e de seus dirigentes.

Lógica semelhante à do movimento civil-militar que derrubou Jango no Brasil e se espraiou para a Argentina, a Bolívia, o Uruguai e o Chile. Nesses países, dirigentes eleitos foram alijados do poder com pleno apoio do governo “democrático” dos Estados Unidos. Naquela época, os círculos intelectuais e de propaganda norte-americanos criaram, para justificar as políticas repressivas de combate à subversão, as teorias da "modernização". Segundo essas teorias, os militares seriam os setores menos comprometidos com as estruturas oligárquicas no continente sul, devendo a eles, portanto, caber o destino dessas nações, logicamente “supervisionados” pelo Tio Sam.

A ditadura brasileira escondeu a participação dos Estados Unidos na derrubada de Goulart. A prisão do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, em Londres, em outubro de 1998, possibilitou que grupos de direitos humanos e liberdade de informação passassem a pressionar o governo Clinton para que os documentos envolvendo essa sórdida história pudessem ser conhecidos. Nos dias atuais, eles estão disponíveis para consulta, além de já terem sido publicados em livros no Brasil e no exterior.

Afronta à inteligência

Não há como um jornalista – sobretudo o responsável por editoriais – desconhecer esse fato. No entanto, é esse “desconhecimento” que pode ser verificado no sintomático editorial “Momento de se reaproximar dos Estados Unidos”. O texto defende que o Brasil abra mão da política externa independente adotada a partir da chegada do PT ao poder e volte a cerrar fileiras com os Estados Unidos. Numa retórica que afronta a inteligência do leitor, o editorial frisa que a política externa brasileira perdeu espaço desde 2003, atribuindo esse “fato” à “ingerência petista na diplomacia”.

Mas que ingerência é essa? A política externa brasileira está sendo feita a partir da visão de mundo do partido que legitimamente venceu as eleições. Mutatis mutandis, será que os Marinhos consideram igualmente ingerência a adoção das premissas do Partido Democrático na política externa norte-americana? Ou será que o governo brasileiro, segundo "O Globo", deveria pautar-se pelos interesses norte-americanos na formulação de sua política externa?

Sintomaticamente, o editorial não faz qualquer menção à UNASUL e, sem base na realidade, tenta minimizar a importância dos BRICS, duas entidades que estão redesenhando a política externa na América do Sul e contribuindo para alterar os próprios contornos da política mundial. A criação da UNASUL não teria sido possível sem a habilidade e paciência da diplomacia brasileira, tendo à frente o chanceler Celso Amorim, que materializou as diretrizes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sentido de um subcontinente integrado e atuando em prol de interesses próprios.

A recente diplomacia brasileira deu contribuição das mais significativas para sepultar o histórico de subimperialismo regional, além de contribuir para desfazer divergências e rixas (a maioria estimuladas por potências externas) que marcam o passado da América do Sul.

Quanto aos BRICS, a mídia brasileira, "O Globo" à frente, praticamente escondeu a realização, em Fortaleza (CE), em julho do ano passado, da reunião que criou o Banco de Desenvolvimento da entidade. Some-se a isso que não foi dado qualquer destaque ao fato de caber ao Brasil a primeira presidência do seu Conselho de Administração, cargo de fundamental relevância, que definirá linhas e valores para projetos de desenvolvimento. Em vez disso, o editorial prefere sentenciar que “o esfacelamento do MERCOSUL e a desaceleração chinesa impõem ao Brasil se reaproximar dos EUA, cuja economia deve acelerar a recuperação”.

O editorial, beirando a má-fé, desconhece que o governo brasileiro anunciou, dois dias antes, na sexta-feira (28/03), que fará parte do "Asian Infrastructure Investiment Bank" (AIIB), o banco de desenvolvimento criado pela China, de longe uma das mais importantes decisões dos últimos tempos. Mais do que o Banco dos BRICS, ele deverá ser um dos principais competidores de estruturas como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Dito de outra forma, ao contrário do que afirma o editorial, quem está perdendo força são os Estados Unidos.

Ainda sobre o editorial de "O Globo", o curioso é que ele tenta recolocar em pauta, bem ao estilo dos argumentos maniqueístas das décadas de 1960 e 70, rixas entre Brasil e Argentina, além de defender a volta da política de vassalagem em relação aos Estados Unidos. Pior ainda, procura reviver, através da demonização do “bolivarianismo chavista e do Irã”, o antigo pavor em relação ao comunismo. Pavor que, na prática, encobre o medo a qualquer aprofundamento democrático no Brasil. Afinal, são os Estados Unidos, e não o Brasil, que têm problemas com esses dois países.

A supremacia norte-americana mostra-se cada dia mais discutível. Óbvio que o Tio Sam ainda dispõe de capacidade quase ilimitada de destruição e que, investindo-se, por conta própria da condição de xerife do planeta, sente-se no direito de meter o bedelho em toda parte. As instituições brasileiras, no entanto, depois da experiência nefasta de 21 anos de ditadura e de mais de duas décadas de retorno ao estado de direito, mostram-se maduras e fortalecidas o suficiente para conviver com pressões de toda ordem, aí incluída uma mídia que mente, distorce os fatos e, principalmente, desprovida de qualquer sentimento patriótico.

Denúncias engavetadas

O “mar de lama” denunciado por uma histérica UDN (o PSDB da época), com o apoio da mídia, mostrou-se decisivo para o suicídio de Vargas, em 1954 que, agindo assim, abortou um golpe em marcha. Goulart, 10 anos depois, foi vítima de golpe civil-militar, apoiado pela CIA. A autointitulada “Nova República”, que pôs fim à ditadura, deixou visível, desde o primeiro momento, que não seria fácil livrar-se dos filhotes dos “anos de chumbo”.

Tancredo Neves, presidente eleito via Colégio Eleitoral, morreu antes de tomar posse. Seu vice, José Sarney, assumiu e deu posse ao ministério escolhido por Tancredo, no qual figurava, como titular das Comunicações, ninguém menos que Antônio Carlos Magalhães. ACM, como era conhecido, dominou a Bahia, seu estado natal, por décadas e foi um dos políticos mais ativos nos tempos da ditadura. Oficialmente, mudara de lado, mas não de métodos.

No governo Sarney, foi aprovada uma lei que passava o poder de dar/retirar concessões públicas para TV e rádio do presidente para o parlamento. Um dia antes de a lei entrar em vigor, ACM e Sarney fizeram 100 concessões públicas para TV e rádio, boa parte delas para afiliadas da TV Globo que, através do acordo ilegal com o grupo norte-americano "Time-Life" e graças às benesses da ditadura, já havia se transformado no maior conglomerado de mídia do país. É importante lembrar que Sarney e ACM controlavam, eles próprios, a maior parte dos veículos de comunicação em seus estados.

Fernando Collor, o primeiro presidente eleito pelo voto popular depois do golpe de 1964, chegou ao poder em grande medida através do apoio das "Organizações Globo". Para a sua vitória, foi decisiva a edição manipulada do debate entre ele e Lula, candidato do PT, em 1989. A manipulação, óbvia para boa parte dos profissionais e pesquisadores da área, foi negada durante 22 anos, até que o ex-todo poderoso dirigente da emissora, José Bonifácio Sobrinho, decidiu contar a verdade.

As "Organizações Globo" não gostavam de Itamar Franco, o vice de Collor que assumiu a presidência após o impeachment do titular do cargo. Rapidamente, Roberto Marinho encontrou no chanceler, e depois ministro da Fazenda de Itamar, Fernando Henrique Cardoso, um nome confiável. Quando a disputa sucessória desenhou-se em torno de Fernando Henrique e de Luiz Inácio Lula da Silva, era nítido o lado que jornais, revistas, rádios e TV tomariam.

As afinidades dos “barões” da mídia com o ideário neoliberal defendido por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) impossibilitaram que prosperasse qualquer denúncia sobre corrupção no governo. As concessões de rádio e TV (RTV) foram importante moeda de troca nesse processo. Até setembro de 1996, foram outorgadas 1.848 licenças de RTV, das quais pelo menos 268 beneficiaram entidades controladas por 87 políticos (Lima & Caparelli, 2004).

A "generosidade" de Fernando Henrique coincidiu com a aprovação da emenda constitucional que permitiu a sua própria reeleição. Ao longo de seus dois governos, além das 539 emissoras concedidas por licitação, ele autorizou 357 concessões “educativas” sem licitação. A maior parte dessa distribuição ficou concentrada nos três anos em que o deputado federal Pimenta da Veiga (PSDB-MG) esteve à frente do ministério das Comunicações e destinaram-se a políticos do seu partido e a aliados.

Nem Fernando Henrique, nem seu ministro sofreram quaisquer sanções, apesar da Constituição de 1988 determinar que cabe ao Congresso Nacional apreciar todos os atos do Poder Executivo. O que inclui – mas nunca foi feito – a análise prévia da outorga ou renovação de concessões, permissão e autorização para serviços de radiodifusão.

A aprovação da emenda que permitiu a reeleição foi marcada por denúncias de corrupção envolvendo a compra de votos. O jornal "Folha de S.Paulo" levantou o assunto e publicou, em 1997, trechos de gravações em que dois deputados do PFL (atual DEM) do Acre afirmavam ter recebido R$ 200 mil cada (o equivalente hoje a R$ 530 mil) para votar a favor da emenda patrocinada pelo Palácio do Planalto. O então procurador-geral da República não se interessou pelo caso, transformando-o em uma das centenas de denúncias de corrupção que engavetou.

No segundo governo de FHC/PSDB não faltaram denúncias envolvendo privatizações de empresas estatais a preço de banana, das quais a mais eloquente foi a da Companhia Vale do Rio Doce, vendida por R$ 3,3 bilhões, quando valia perto de R$ 100 bilhões. Pouco depois, o polêmico jornalista Paulo Francis, denunciou, no programa "Manhattan Connection", da TV Globo, que os dirigentes da Petrobras mantinham contas secretas na Suíça, fatos que via como indícios de corrupção na estatal.

Mídia e governo não lhe deram ouvidos. A empresa entrou com ação indenizatória no valor de 100 milhões de dólares e, para muitos que conheceram Francis, esse foi o motivo de sua morte prematura, em 1997, vítima de um ataque cardíaco fulminante, aos 67 anos. O tempo viria dar razão às denúncias de Francis.

Lula derrotou os candidatos tucanos José Serra, em 2002, e Geraldo Alckmin, em 2006, e ainda conseguiu, em 2010, fazer de Dilma Rousseff sua sucessora. As vitórias de Lula, como ele mesmo diz, aconteceram contra a mídia tradicional que nunca teve dúvidas que o “sapo barbudo” e o ex-torneiro mecânico, que não possui um dos dedos, não era dos seus. O mesmo pode ser dito de Dilma Roussseff, a ex-guerrilheira contra a ditadura e primeira mulher a chegar ao Palácio do Planalto.

Novos tempos

Nas eleições de 2010, a mídia brasileira apostou novamente no tucano José Serra, convencida que o peso do estado de São Paulo e os desgastes enfrentados pelo PT com as denúncias de corrupção envolvendo o Mensalão seriam suficientes para derrotar a candidata de Lula. Como não foram, a mídia partiu para o vale tudo em 2014, disposta a fazer qualquer coisa para dar vitória ao tucano Aécio Neves.

O tudo ou nada da campanha eleitoral se manteve nestes primeiros 100 dias de governo Dilma, com a mídia transformando-se em partido de oposição, insuflando e cobrindo manifestações de protestos de “revoltados” a “favor do impeachment”, do “Fora Dilma”, e de “intervenção militar constitucional” (!). Enfim de qualquer arranjo ou casuísmo, inclusive com digitais externas, que apeie o PT do poder ou o impeça de governar, por intermédio da conhecida “fórmula para o caos”, outro nome para o constante sangramento de adversários no poder.

No dia 1º de setembro de 2013, as "Organizações Globo", por meio de editorial publicado no jornal de sua propriedade, fez autocrítica, considerando “um equivoco” o seu apoio ao golpe civil-militar de 1964. Mesmo sem muita convicção e minimizando os fatos, uma vez que a empresa não apenas apoiou o golpe, mas foi parte de sua articulação e vitória, alguns viram no gesto da família Marinho (o patriarca já havia morrido) uma espécie de recomeço em novas bases. Menos de dois anos se passaram para que a “autocrítica” desse lugar a articulações semelhantes às dos idos de 1964. A resposta de Dilma, um tanto lenta, veio através de suspensão de verbas para a "TV Globo" e a revista "Veja" e a escolha do ex-deputado petista Edinho Silva para dirigir a SECOM.

Há muito por fazer, a começar pela democratização da verba de publicidade institucional do governo e das empresas estatais. Em permanente queda de audiência, os veículos das "Organizações Globo" continuam recebendo a maior parte desses recursos, numa época em que as verbas em várias partes do mundo, a começar pela Inglaterra, Canadá e Estados Unidos (que eles tanto admiram), já migraram ou estão migrando para a mídia digital.

A crise e o caos brasileiro, que a velha mídia apregoa, estão longe de ser realidade. O Brasil mudou. Quem não mudou foi a mídia e ela, sim, está em crise. Aos poucos, surgem histórias que ela gostaria de manter desconhecidas dos respeitáveis telespectadores, ouvintes e leitores, como as contas secretas de seus proprietários na agência suíça do banco HSBC e as denúncias de propinas pagas pela "Rede Brasil Sul" (RBS), afiliada da TV Globo. Tudo isso precisa e deve ser investigado, mas a velha mídia parece não se dar conta das mudanças, aferrada a padrões do século passado, quando mamatas e privilégios foram suficientes para garantir tranquilidade a governos e dinheiro e poder aos seus proprietários."

FONTE: escrito por Ângela Carrato, jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG. em artigo publicado no blog "Estação Liberdade". Transcrito e comentado por Miguel do Rosário no blog "Tijolaço"