quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O “todo poder ao Moro” instituiu a anarquia judiciária no Brasil

anarquia
É que nossa imprensa e os nossos conservadores são muito, perdão da palavra, avacalhados.
Não há um país no mundo onde pudesse estar havendo um combate aberto entre um ministro do Supremo Tribunal Federal e uma associação que representa a corporação de juízes.
Você consegue imaginar, nos EUA, uma liga de juízes de condado e -mais ainda – uma Liga de Juízes de Condado que entre em guerra com um juiz da Suprema Corte?
Evidente que não.
Como chegamos a este ponto?
Coices de Gilmar Mendes nunca foram propriamente uma novidade.
Mas eram uma estupidez isolada, geralmente minoritária no Supremo.
Desde que a Lava Jato se tornou o cavalo de batalha da mídia contra o PT, com o endeusamento de Moro e seus rapazes do MP, a corporação judicial sentiu a oportunidade de abocanhar poder.
As associações de juízes passaram a fazer uma militância política, para além de meros interesses corporativos.
E como era uma militância anti-esquerda e anti-PT, todos a aceitaram.
Apoiar Moro, fortalecer Moro, endeusar Moro era apoiarem, fortalecerem e endeusarem a si mesmos, como indivíduos e corporação.
Concederem-se, portanto, mais poder, bem como assim foi com o Ministério Público.
Enquanto se batiam contra pessoas que tinham a moderação que a liturgia dos cargos obriga – e que levavam esta moderação, cada vez mais, para o tereno do avassalamento, o que não se confunde com o respeito democrático à Justiça – nada aconteceu.
Agora, bateram no espinhoso Mendes.
E a troca de ofensas chegou ao inimaginável.
Ele diz que os imorais auxílios rebebidos pelos juízes e promotores são “seu pequenos assaltos” ( no meu dicionário, que assalta é assaltante) e que suas remunerações se compõem de “gambiarras institucionais”.
Os juízes rebatem, dizendo com todas as letras o que pensam das atividades de Mendes com sua “faculdade” de Direito, o Instituto de Direito Público (Público, privado, convém frisar) dizendo que sua ideia de Magistratura é de juiz  “que não exerce atividades empresariais, que respeita as instituições e, principalmente, que recebe somente remuneração oriunda do Estado”.
Sérgio Moro, que é o comandante simbólico da sublevação da magistratura não vai entrar diretamente nesta briga. Vai reagir nos autos, onde faz e desfaz com pouca reação dos tribunais superiores que já passaram da intimidação para a adesão, à medida em que se perderam os pruridos das garantias do cidadão.
Os gaúchos, no interior, têm um ditado: cachorro que comeu ovelha, só matando.
Sem morticínios, como é do civilizado, não é imaginável onde esta “briga de rua” vai parar.

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