23/8/2016, Eric Zuesse,[1] Global Research, Canadá
Ontem,
2ª-feira, 22 de agosto, o governo dos EUA – que luta para derrubar o
governo legal e internacionalmente reconhecido da Síria – anunciou
oficialmente que forças militares dos EUA na Síria continuarão a ocupar
terra síria, não importa o que diga o governo sírio, e derrubarão
quaisquer aviões sírios que sobrevoem forças dos EUA ali.
Como noticiou ontem Al-Masdar News:
O Pentágono anunciou que os EUA estão prontos para abater aviões sírios e russos que o Pentágono entenda que ameaçam conselheiros militares norte-americanos que, nos termos da lei internacional, operam ilegalmente no norte da Síria.
Na 6ª-feira, o porta-voz do Pentágono Capitão Jeff Davis disse que jatos norte-americanos tentaram interceptar aviões sírios para proteger conselheiros norte-americanos que operam (ilegalmente) com forças curdas na Síria, depois que o governo sírio bombardeou áreas de Hasakah, quando a polícia curda iniciou ataque contra a Força de Defesa Nacional.
Na 2ª-feira, outro porta-voz do Pentágono, Peter Cook, disse:
"Continuaremos a avisar o regime sírio para que se mantenha bem longe dessas áreas. Defenderemos nosso pessoal em campo e faremos o que tiver de ser feito para defendê-los" – disse Cook aos jornalistas.
Significa que o governo dos EUA não
permitirá que o governo sírio expulse ou elimine por qualquer outro meio
as forças dos EUA que operam ilegalmente na Síria. O governo sírio não
convidou forças dos EUA para agir em território sírio, mas agora os EUA
estão forçando o governo sírio a afirmar a própria soberania sobre as
áreas onde estão localizadas tropas dos EUA.
Al-Masdar continuou:
Pressionado para oferecer mais informações sobre a Rússia, Cook deixou bem claro que os EUA atacarão também jatos russos que operam legalmente em território sírio, por convite do governo sírio, com sua aprovação e em ação coordenada com os sírios.
"Se ameaçarem forças dos EUA sempre temos o direito de defender nossas forças" – disse Cook.
Significa
que os EUA não só estão em guerra contra o legítimo governo da Síria,
mas, também estarão rapidamente em guerra contra forças russas, se a
Rússia (cuja ajuda o governo sírio solicitou) ajudar forças sírias que sejam atacadas na Síria por forças dos EUA – que estão ilegalmente em território sírio.
Há ali 300 norte-americanos, dos quais 250 foram mandados para a Síria dia 24 de abril para trabalharem como conselheiros de outras forças militares ilegais que atuavam na Síria.
A vasta maioria das forças militares ilegais na Síria são jihadistas
contratados pelos governos saudita e qatari, que receberam armas
norte-americanas para derrubar o governo sírio. As demais forças ilegais
ativas na Síria são curdos, apoiados pelo governo dos EUA para
fracionar o território sírio e criar ali um estado curdo, na porção
nordeste do território sírio.
O principal objetivo dos EUA na Síria sempre foi derrubar o governo
sírio, do Partido Baath, secular. Muitos árabes insistem na Xaria, ou
Lei Islâmica, mas os árabes sírios são exceção. O Partido Baath é sempre
foi apoiado pela maioria do povo sírio, inclusive pela maioria dos
árabes sírios. Há forte oposição à Xaria, na sociedade síria. A Síria
sempre foi a nação mais secular no Oriente Médio.
Por exemplo, quando das primeiras pesquisas patrocinadas pelo ocidente e
realizadas na Síria, depois do início, em 2011 da importação de
jihadistas para lutar na Síria, aquelas pesquisas mostraram que 55% dos sírios queriam que Bashar al-Assad (atual líder do Partido Baath) permanecesse como presidente da Síria, e "82% consideram acertada a avaliação de que o 'Estado Islâmico é grupo criado pelos EUA e outros países estrangeiros'. Apenas
"22% entendiam que o 'Estado Islâmico é influência positiva'", e esse
foi o mais baixo grau de aprovação, pelos sírios, a qualquer das
afirmativas que lhes foram apresentadas, com exceção dos "21% que
afirmaram que 'preferem a vida hoje, do que quando Assad governava em
paz'". – Implica dizer que a maioria dos sírios entende que a vida era
melhor antes de os jihadistas patrocinados pelos EUA chegarem à Síria
para derrubar o presidente Assad.
Evidentemente, se "82% da população entende que o Estado Islâmico é
grupo criado fora da Síria", bem poucos sírios apoiam os 300 militares
norte-americanos que lá estão. Não apenas os EUA lá estão como
invasores, mas (e especialmente os jihadistas que os EUA apoiam na Síria
e que são a maior parte das forças invasoras) tornaram a vida muito
pior (e desgraçadamente mais curta) para virtualmente todos os sírios.
A mesma pesquisa descobriu que "70% opõe-se à divisão do país".
Consequentemente, a maioria ampla dos sírios opõem-se aos separatistas
curdos.
Doravante, o governo sírio enfrenta a posição pouco confortável de ter
invasores no próprio território, e de já ter sido avisado de que um
desses grupos invasores – os EUA – fará guerra total até a completa
devastação, se a Síria levantar-se para expulsá-los.
A Rússia também foi ameaçada pelos EUA de que se, como aliada da Síria,
tomar qualquer medida para expulsar ou imobilizar os invasores
norte-americanos, os EUA também entrarão em guerra contra a Rússia.
O governo dos EUA desafiou o governo russo. Talvez a estratégia seja
forçar o presidente Putin ou a recuar, e abandonar o aliado sírio, ou a
lançar ataque nuclear contra os EUA. Se Putin recuar perderá pelo menos
parte significativa do apoio que tem da população russa (hoje superior a
80% nas mais recentes pesquisas, inclusive nas pesquisas pagas pelo
ocidente). Talvez seja essa a estratégia de Obama: tirar Vladimir Putin
do poder – o que talvez aconteça, se os EUA conseguirem derrubar Bashar
al-Assad.
"a Agência de Inteligência de Defesa (AID) e o Comando do Estado Maior das Forças Conjuntas dos EUA, então [no verão de 2013] lideradas pelo general General Martin Dempsey, avaliavam que a queda do regime de Assad não era desejável, porque levaria ao caos e, potencialmente, à tomada da Síria por extremistas jihadistas, praticamente o mesmo que então estava acontecendo na Líbia."
Por isso Dempsey saiu e o tenente-general Michael Flynn, diretor da AID entre 2012 e 2014 foi demitido.
"Os relatórios da AID, disse [Flynn], 'sofreram terrível rejeição' do governo Obama. 'Senti como se não quisessem ouvir a verdade'."
Hoje, Flynn é conselheiro para política
exterior do candidato dos Republicanos à presidência Donald Trump, que
está sendo criticado pela candidata Clinton dos Democratas, considerado
'muito mole' contra a Rússia e insuficientemente empenhado na meta dos
EUA, de derrubar Assad.*****
COMENTÁRIO DOS TRADUTORES:
É possível que o chilique belicista do
'Democrata' Obama, que se põe a provocar os russos, tenha a ver, agora,
com o temor de que Trump ('mole com os russos') chegue à Casa Branca.
Nesse caso, a provocação contra a Rússia pode ser uma nova variante,
recém inventada, de "guerra preventiva": EUA inventam nova guerra já,
para impedir que, adiante, a nova guerra seja evitada (NTs)].
[1] Historiador e jornalista investigativo, Eric Zuesse é autor do recentemente lançado They're Not Even Close: The Democratic vs. Republican Economic Records, 1910-2010, e de CHRIST'S VENTRILOQUISTS: The Event that Created Christianity.
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